A
presidente Dilma Rousseff enfrentou nesta sexta-feira, 25, um protesto
contra a Copa do Mundo em uma cerimônia na qual entregou máquinas
financiadas pelo PAC 2 a prefeitos paraenses em Belém (PA). Seu discurso
foi interrompido por três vezes por gritos como "não vai ter Copa" e
ainda "da Copa, da Copa, da Copa eu abro mão / eu quero é dinheiro para
saúde e educação". Outra parte da plateia, no entanto, rebateu as
críticas com frases de apoio à presidente.
O evento era
patrocinado pelo próprio Palácio do Planalto. Em cerimônias como essa, a
plateia é toda composta por convidados do governo federal. Eram cerca
de 20 manifestantes que gritavam contra a Copa, e incluíam servidores
públicos da Universidade Federal do Pará, do Incra e do Judiciário.
Veja o vídeo:
Os gritos
começaram assim que Dilma chegou ao evento. Tão logo foi anunciada sua
presença, ela foi saudada por parte da plateia pelo grito de "olê, olê,
olê, olá, Dilma, Dilma!". Quando o grito cessou, vieram os protestos
contra a Copa, reforçados por faixas com os dizeres "técnicos
grevistas", de um sindicato do Judiciário em greve, e "SOS. Incra".
Os protestos
foram rebatidos por outros presentes, que repetiram a saudação inicial à
presidente. Quando o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel
Rossetto, começou a falar, o grito contra a Copa voltou - e a resposta
também.
A fala da
presidente durou 20 minutos. Na segunda das três vezes em que foi
interrompida, ela fez referências a uma faixa, na plateia, que
denunciava condições precárias de um pronto-socorro de Belém. Anunciou,
então, que havia acertado com o governador Simão Jatene (PSDB) a
liberação de verbas para um hospital atualmente fechado. Mas não disse
uma palavra sobre a Copa do Mundo.
Na terceira
interrupção, Dilma deu sinais de impaciência: "Gente, eu já estou
terminando. É da democracia. Eles têm o direito de falar o que quiserem.
Vocês também. Agora, eu queria pedir. A gente pode se manifestar desde
que a gente não prejudique a maioria".
Manifestantes. O
coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público
Federal do Pará, Cedício de Vasconcelos, que ajudou a organizar o
protesto, disse que alguns dos manifestantes eram filiados a partidos
políticos e outras não. "Os maiores investidores da campanha da Dilma
foram as empreiteiras, que doaram até mais do que os bancos. Por que há
30 bilhões para a Copa, mas não há dinheiro para o serviço público, para
a saúde, a segurança, o transporte?", perguntou. Segundo ele, Dilma
"está garantindo a lucratividade dos doadores de campanha dela".
"É natural, faz
parte. Ela está bem avaliada no Pará", disse Helder Barbalho, filho do
senador Jader Barbalho e candidato ao governo do Pará pelo PMDB, com
apoio dos petistas.
Antes desse
evento, a presidente foi no final da manhã a Barcarena, cidade a duas
horas de distância de Belém, inaugurar um complexo portuário que
permitirá a exportação de grãos da região Norte.
Fernando Gallo
O Estado de S. Paulo
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