O Marxismo Cultural é frequentemente criticado pelos esquerdistas e pelos radicais como nada mais que uma "teoria da conspiração", mas essa qualificação não é adequada - nem de perto nem de longe. Ninguém está a sugerir que existe uma cabala de cérebros esquerdistas, reunidos numa sala esfumaçada na Suécia, a dirigir esta campanha duma forma conspiracional. Não; o Marxismo Cultural revela-se, sim, como um movimento relativamente cooperativo que opera de forma aberta, e que usa métodos, e ensina teorias, que são claramente Marxistas na sua essência.
Essencialmente, o que aconteceu no Ocidente durante as últimas décadas é o resultado da realização por parte da esquerda radical de que a campanha em larga escala para radicalizar o proletariado e mobilizá-lo contra a burguesia não iria ser bem sucedido. Esta realização levou a que se adoptassem novas estratégias. A dialéctica económica Marxista de opor o proletariado à burguesia foi retido na forma dos partidos políticos socialistas ou sociais-democratas em muitos países do Ocidente (usando a legislação como forma de avançar a sua agenda) ao mesmo tempo que a esquerda radical debruçou-se sobre outras categorias como forma de criar um novo dicionário dialéctico que pudesse impactar a sociedade duma forma mais alargada e fundamentalmente mais revolucionária.
O teórico comunista Italiano Antonio Gramsci foi fundamental para que esta metodologia da teoria Marxista fosse colocada em marcha - desde a perspectiva intelectual até a teórica. A perspicácia de Gramsci levou-o a concluir que um certo número de suposições e estruturas culturais apoiavam o sistema capitalista, e que era primeiro necessário miná-las ou desalojá-las de todo como forma da revolução eventualmente ser bem sucedida em derrubar a ordem estabelecida.
Seguindo as análises de Gramsci, os filósofos da esquerda radical, especialmente os membros da Escola de Franfurt, começaram a examinar os variados critérios que poderiam ser usados para gerar o tipo de perturbação cultural que Gramsci havia descrito.
A partir deste grupo várias teorias e correntes intelectuais se desenvolveram, mas uma linha de pensamento forte era a de que, mal a esquerda colocasse em conflito (1) tudo o que não era heterossexual, branco e masculino (2) contra todos os que eram heterossexuais, brancos e masculinos, uma dialéctica muito mais poderosa e visceral poderia ser criada e usada para destruir o que os Marxistas viam como uma profunda resistência cultural às alterações revolucionárias que eles buscavam.
Esta metodologia revelou-se muito mais eficaz que a dialéctica económica do "Marxismo clássico" visto que ela usava ódios viscerais que certos segmentos da população nutriam contra os homens brancos heterossexuais devido a queixas de longa data. Como resultado, os radicais precisavam de fazer menos para "radicalizar" o novo "proletariado" (isto é, as mulheres, as minorias étnicas e os homossexuais) uma vez que o ódio visceral emocional já se encontrava presente e ele poderia ser facilmente usado para fomentar as mudanças revolucionárias ao nível cultural.
Essencialmente, era necessário re-escrever a História segundo um ponto de vista onde durante toda a história quase todas pessoas haviam sido oprimidas sem misericórdia pelos homens heterossexuais brancos, e reduzir o nosso entendimento tanto das estruturas sociais do passado como as do presente, olhando para toda a narrativa como uma campanha extensa de violação e dominação do homem branco sobre tudo o resto.
Mal esta narrativa revisionista foi finalizada e propagada, ela deu um alento poderoso aos movimentos que caracterizaram a revolução cultural que ocorreu no Ocidente durante os anos 60 e 70, bem como durante o período que se seguiu. Esta visão revisionista disponibilizou uma narrativa rígida e reducionista que poderia servir como um léxico para explicar todo o passado e o presente, tal como os Marxistas económicos haviam tentado fazer com o Marxismo económico "clássico" nos princípios do século 20.
O poder sedutor da narrativa que caracteriza todas as pessoas - menos os homens brancos heterossexuais do passado e do presente - como "vítimas" é bastante óbvio: ela liberta todos aqueles que fazem parte dos "grupos protegidos" de assumir as responsabilidades pelos seus próprios problemas, causando a que estes culpem os homens heterossexuais brancos por tudo o que eles acham que está errado nas suas vidas e no mundo em si. E foi precisamente isso que foi feito, e continua a ser feito, por um disproporcional número de pessoas das classes "protegidas" (mulheres, minorias e homossexuais).
A melhor parte disto tudo é que não foi necessário que o Marxismo fosse expressamente pregado. Embora algumas feministas e emancipadores raciais tenham, de facto, anunciado abertamente teorias Marxistas, a maioria não o fez, embora eles continuassem a adoptar a re-interpretação Marxista cultural da História como sendo ela nada mais que uma história da dominação dos homens heterossexuais brancos sobre as mulheres, as minorias e os homossexuais. Dito de outro modo, mesmo aqueles activistas que se recusavam a admitir que eram Marxistas, ou que negavam acreditar nas ideias Marxistas, baseavam-se numa História revisionista que era nela mesma totalmente Marxista no seu conteúdo.
O sucesso maior do movimento Marxista-Feminista é o seu sucesso na propagação por toda a cultura desta História revisionista. Em muitos círculos actuais, por exemplo, é assumido por completo que a História documentada nada mais é que um catálogo dos crimes do homem branco heterossexual contra todos os outros grupos. Esta é a versão histórica que domina as nossas universidades, e também aquela que é espalhada intensamente pelos órgãos de informação mainstream, gerando uma atmosfera que dá aos demais o "direito" de odiar os homens brancos heterossexuais, e a legitimidade de apoiar leis e costumes sociais que foram feitos para arrancar o poder dos homens brancos heterossexuais como uma medida que visa a "justiça social" (mesmo numa altura em que os homens estão a ser desproporcionalmente afetados pela recessão econômica).
Naturalmente que, devido ao "poder estrutural" dos homens nos pontos mais elevados da sociedade, nenhuma destas alterações culturais e legais poderiam ter ocorrido sem a sua colaboração. Então, porque é que eles colaboram?
A razão principal prende-se com o facto dos "homens-no-poder" de qualquer sociedade terem sempre olhado para a larga maioria dos homens com uma mistura de desprezo e receio. Normalmente, os homens competem nas hierarquias, e aqueles que se encontram no topo das hierarquias geralmente sabem que eles estão sob algum tipo de ameaça dos restantes homens da hierarquia. Historicamente, isto tem sido controlado por aqueles que se encontram no topo através duma combinação de lealdades e prácticas feudais criadas para abater as classes mais baixas de homens - tais como guerras prolongadas e a classe de eunucos.
O Marxismo cultural dos finais do século 20 deu aos homens-no-poder uma ferramenta poderosa com a qual manter os homens dos escalões inferiores controlados (de forma mais ou menos permanente), organizando todo o resto da sociedade contra eles. Desta forma, os homens-no-poder reduziram a ameaça feita pelos outros homens.
De forma mais ou menos geral, este grupo de homens (no topo) nunca chegou a temer ser subjugado por pessoas que não eram maioritariamente homens brancos heterossexuais precisamente porque estava a criar estruturas culturais que iriam impedir isto por parte de outros homens. Esta classe certamente que não temia ser substituída do topo pelas mulheres (muito provavelmente porque os homens a este nível estão no sítio certo da curva no que toca a alguns traços relacionados com o poder, e como tal serem suplantados pelas mulheres não parece ser um risco realista).
Isto não quer dizer que houve uma "conspiração" entre a esquerda radical e os homens-no-poder; em vez disso, os homens-no-poder colaboraram com as ideias da esquerda radical porque ela servia aos seus interesses - nomeadamente, o interesse de preservar o seu poder no topo da sociedade marginalizando a maioria dos outros homens através duma rede confusa de "direitos", preferências e discriminação pura e simples como forma de substituir os homens por pessoas menos ameaçadoras (para o seu poder) que não são homens brancos heterossexuais.
É precisamente este alinhamento entre as nossas elites (que são maioritariamente compostas por homens brancos) e os esquerdistas radicais que permitiu que a revolução cultural tivesse o impacto que teve - e ainda tem - na nossa cultural, e que opera de forma razoavelmente deliberada para manter a maior parte dos homens [brancos] em baixo.
Acho que é impossível entender o que realmente aconteceu no Ocidente desde os anos 60 sem um entendimento das suas subjacentes bases Marxistas culturais. Isto também explica o porquê do sistema criado depois da revolução cultural ter-se revelado resistente e forte: de uma forma ou de outra, ele tem o apoio da maior parte das nossas elites.
Obviamente que, a longo prazo, se o programa revolucionário se materializar, as elites serão esfaqueados pelas costas pela esquerda radical, mas por enquanto, existe um forte alinhamento de interesses entre as elites e os radicais - de tal forma que toda a sociedade foi remodelada de tal maneira que ela serve, na verdade, como instrumento de preservação do poder das elites atuais, dividindo o resto da sociedade contra ela mesma.
Para os homens, o caminho que for tomando tem que reconhecer o Marxismo cultural e a sua demonização deliberada do nosso sexo - frequentemente com a colaboração de machos idiotas úteis (não lhes vou chamar de "homens" porque eles não merecem esse termo). Mas para além disso, é preciso reconhecer que o nosso caminho é, mesmo assim, um caminho revolucionário, caminho esse que nos irá levar rumo a novas direcções, deixando para trás os antigos.
Se nós deixarmos que assim seja, e se tivermos a força de vontade, nós seremos os donos do nosso destino e poderemos caminhar em rumo a muitos destinos deslumbrantes. Um pré-requesito para isso é entender este aparato Marxista cultural que foi instalado para nos minar, para além do facto dos conservadores sociais estarem a colaborar com ele.
O passo seguinte é levantarmos o nosso dedo médio a este aparato e aos conservadores sociais que permitem que ele avance, e abandonar tudo.O passo seguinte é a verdadeira emancipação do homem. Ela vira até nós, como indivíduos, se adoptarmos estes passos com integridade e confiança - e com um desprezo saudável pelo que as mulheres pensam disto. Este é o nosso jogo e esta é a nossa vida.
* * * * * *
O autor do texto corretamente alerta para o facto de muitos conservadores estarem a pactuar com a agenda Marxista-Feminista sem se aperceberem que estão a causar a sua própria destruição. Para se ter uma ideia de como algumas instituições supostamente "conservadoras" direta ou indirectamente dão apoio ao movimento Marxista-Feminista, note-se o que este link nos revela..- See more at: http://omarxismocultural.blogspot.com.br/#sthash.vkbWZfep.dpuf