O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "babaquice" a preocupação de dar condições de primeiro mundo a torcedores durante a Copa do Mundo, como "chegar de metrô dentro do estádio", porque brasileiro não tem problema "em andar a pé".
"Nós nunca tivemos problemas em andar a pé. Vai a pé, vai descalço, vai de bicicleta, vai de jumento, vai de qualquer coisa. Mas o que a gente está preocupado é que tem que ter metrô, tem que ir até dentro do estádio? Que babaquice é essa? Tem que dar garantia para essa gente assistir ao jogo, tem que ter o melhor da comida brasileira, tem que tratar bem as pessoas nos hotéis..."
Lula afirmou que o mundial será o momento de o país "mostrar sua cara". "Esconder pobre está fora de cogitação", declarou durante palestra a blogueiros nesta sexta-feira (16), em São Paulo.
O petista disse ainda que tem "muito orgulho" de ter sido um dos responsáveis por trazer a Copa e as Olimpíadas para serem sediadas no Brasil e que não se preocupou à época com a quantidade de dinheiro que iria entrar no país.
"Sinto muito orgulho de ter conquistado para esse país o direito de fazer a Copa e as Olimpíadas. E quando pensei isso não pensei em dinheiro, pensei num evento dessa magnitude. Até sonhava que o Brasil estava tão bem que poderia conseguir as Olimpíadas de Inverno lá em Garanhuns (PE), brinquei com isso. Acho que nunca tivemos nesse país um momento de emoção como a conquista das Olimpíadas".
Diante de diversas manifestações que acontecem no país contra a realização do mundial, Lula fez questão de destacar que "não há dinheiro público" para a construção de estádios e que aquelas obras que não ficarem prontas até junho poderão servir de legado para "depois Copa".
As declarações do petista aconteceram no mesmo dia em que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, admitiu que a população brasileira está um "pouco descontente" com a Copa do Mundo, mas disse acreditar que a situação irá mudar radicalmente assim que a competição começar, no dia 12 de junho.
Segundo o cartola, os brasileiros se decepcionaram com o mundial porque promessas de melhorias de vida relativas ao fato de o país organizar o torneio não foram cumpridas.
"Tenho certeza que, quando a bola rolar, na partida de abertura em São Paulo [Brasil x Croácia], o Brasil vai se encher daquela febre de futebol."
A Copa do Mundo também foi tema para a presidente Dilma Rousseff durante jantar com jornalistas no Palácio da Alvorada na última quinta-feira (15). Segundo ela, os principais dirigentes da Fifa têm representado um peso.
Quando falava sobre a necessidade de ampliar a rede de metrôs nas grandes cidades brasileiras, Dilma foi questionada se tais obras eram por causa da Copa. Respondeu: "Tirem o Blatter e o Valcke das minhas costas! Não tem nada a ver com a Copa, são obras para as cidades".
Perguntada se Blatter e Jerôme Valcke, secretário-geral da Fifa, eram "um peso", Dilma declarou: "Ô, se são".
FOLHA
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