Não foi apenas uma eleição roubada no abandono da ética, na falta do
decoro, no uso da máquina pública, na calúnia e na desqualificação dos
adversários. Não são apenas as ações na Justiça contra um segundo
mandato cada vez mais cercado pela ilegitimidade. Cercada pela Polícia
Federal, pelo Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas da
União, pela Justiça Federal e por alguns membros do Supremo Tribunal
Federal, com a Operação Lava Jato listando ministeriáveis entre os
corruptos, Dilma não consegue montar uma equipe de trabalho na ante
véspera da sua posse. Ontem, chegou a presidente chegou ao cúmulo,
dizendo que vai consultar o MPF antes de nomear ministros. A declaração é
uma prova de que, sozinha, Dilma não tem força para barrar a nomeação
dos corruptos do PT e da base aliada. Quer que a "polícia" lhe dê
argumentos para não nomear. Conseguiu, com isso, acordar até mesmo
Joaquim Barbosa, o ex-presidente do STF. A matéria abaixo é do Estadão.
Aposentado desde julho, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF) Joaquim Barbosa criticou nesta segunda-feira, 22, a presidente da
República, Dilma Rousseff, horas após ela afirmar que consultaria o Ministério Público Federal (MPF) antes de nomear os ministros
de seu segundo governo. Em quatro mensagens publicadas em sua página no
Twitter, Barbosa usou a ironia para afirmar que a medida serve para
saber se os cotados para o primeiro escalão do governo foram citados em
depoimentos da Operação Lava Jato.
"Ministério Público é órgão de contenção do poder político. Existe
para controlar-lhe os desvios, investigá-lo. Não para assessorá-lo",
reagiu Barbosa no Twitter. Antes de ser nomeado ministro do Supremo em
2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Barbosa era
integrante de carreira do Ministério Público Federal.
Em outra das mensagens, Joaquim Barbosa criticou indiretamente os
cotados para assumir a cadeira vazia no STF desde sua aposentadoria.
"Onde estão os áulicos tidos como candidatos a uma vaga no STF, que
poderiam esclarecer: Ministério Público não é órgão de assessoria!!!".
Nos bastidores de Brasília, circula a informação de que o
Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, chefe do MPF, trabalha
para ser nomeado.
Barbosa disse ainda que Dilma é mal assessorada. "Há sinais claros de
que a chefe do Estado brasileiro não dispõe de pessoas minimamente
lúcidas para aconselhá-la em situações de crise". Segundo ele, a atitude
da presidente reeleita é sintoma de "degradação institucional". Também
na rede social, ele explicou o motivo: "Nossa presidente vai consultar
órgão de persecução criminal antes de nomear um membro de seu
governo!!!"
Ao longo deste ano, Barbosa foi sondado por integrantes da oposição a
Dilma para se filiar a um partido e disputar um dos cargos em jogo.
Candidatos oposicionistas ao Planalto, como Aécio Neves (PSDB) e Eduardo
Campos (PSB) chegaram a flertar com ele para obter apoio. Mas Barbosa
não declarou apoio. Em eleições anteriores, ele admitiu ter votado em
Lula e em Dilma. A assessoria da Presidência da República afirmou que
não comentaria as críticas de Barbosa.