Com a prisão arbitrária do prefeito de Caracas, a Venezuela agride o Protocolo de Ushuaia, de 1996, que exige compromissos democráticos dos países membros do Mercosul
Imagem divulgada pela presidência da Venezuela (da esquerda para a direita) o então vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ex-presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, atual presidente do Brasil, Dilma Rousseff, Adan Chávez e filha de Chávez Rosa Virginia, durante o funeral do presidente Hugo Chávez, em Caracas, em 7 de março de 2013 (PRESIDENCIA/AFP/Getty Images)
A Venezuela do presidente Nicolás Maduro acabou de mostrar que é um regime inconciliável com a democracia ao sequestrar o prefeito eleito de Caracas Antonio Ledezma por forças de Estado.
Ontem (22) à tarde, sem qualquer ordem judicial, cerca de 80 homens encapuzados e armados do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) cercaram a prefeitura e levaram o prefeito sob a falsa acusação de tramar um golpe de Estado. Ledezma não foi o primeiro. O governo de Nicolás Maduro tem se valido de acusações forjadas de conspirações golpistas para investir contra a integridade física e os direitos políticos de seus opositores.
Da mesma forma, sujeita a população venezuelana a privações nunca antes vistas. Hoje, no país com as maiores reservas de petróleo do mundo, falta comida nas prateleiras dos supermercados.
Com a prisão arbitrária do prefeito de Caracas, a Venezuela agride o Protocolo de Ushuaia, de 1996, que exige compromissos democráticos dos países membros do Mercosul. O governo Dilma deveria agir com o mesmo rigor que agiu com o Paraguai quando lhe interessou e exigir a suspensão da Venezuela do Mercosul.
Diante desses fatos, precisamos exigir o posicionamento do Governo brasileiro em relação a esse fato deplorável. O Brasil não pode mais ficar de braços cruzados enquanto uma ditadura se instala e se consolida em sua vizinhança.
Originalmente publicada em: Folha Centro Sul