Se Dilma fosse mesmo contra a corrupção, séria, esperta e quisesse um governo sério e transparente, chamaria Joaquim Babosa para ser Ministro da Justiça, assim como outras pessoas de respeito entre o povo para ocupar cargos de extrema importância e não faria qualquer loteamento do governo com achacadores petistas e aliados. Simples assim.
TÁ NA MÍDIA INTERNACIONAL - “Num dia como o de hj, achei um erro botar ministros de Estado para falar. O momento era para a Chefe de Estado se dirigir à Nação. Ponto.” F
oi assim, com uma abreviatura (“hj” para hoje) própria da linguagem das redes sociais, que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa comentou a primeira reação do Governo Dilma Rousseff, feita por meio da entrevista de dois ministros, ao panelaço do 8 de março, ocorrido durante pronunciamento à nação da presidenta.
O tuíte de Barbosa, replicado por quase 9.000 perfis, virou notícia, assim como quase todos seus comentários sobre a situação do país no Twitter.
Elevado a símbolo de moralidade após relatar com firmeza o emblemático processo do mensalão, Barbosa se aposentou do cargo de ministro em junho do ano passado, em meio a pressões e temores dos petistas de que viesse a se candidatar à presidência da República na última eleição. Desde então, o ex-ministro, que frequentava boa parte das sessões do STF de pé, por conta de um problema na coluna, abandonou os holofotes inevitáveis da vida pública, a não ser uma conta no Twitter, aberta três dias depois da aposentadoria com um desabafo: “Alívio, finalmente!”.
As primeiras postagens do ministro aposentado retratavam bem o clima de alívio, com críticas à seleção brasileira de Luiz Felipe Scolari durante a Copa do Mundo no Brasil e pitacos sobre a escalação do time que seria eliminado vexatoriamente pela Alemanha no traumático 7 a 1. Naquela época, Barbosa também homenageava o antigo vizinho recém-falecido João Ubaldo Ribeiro e lembrava “A Casa dos Budas Ditosos: livro delicioso; peça de teatro excelente, com desempenho magistral de Fernanda Torres”.
Com o tempo, contudo, os comentários amenos e sobre questões jurídicas passaram a se misturar às posições e demandas políticas do cidadão Joaquim Barbosa. “Sugestão concreta aos candidatos à presidência: prometer aos brasileiros a redução drástica das tarifas de telefone, p exemplo”, escreveu o ex-ministro durante a campanha eleitoral. Outra: “Meu sonho: termos dirigentes que saibam o efeito profundo que a educação disseminada e de qualidade tem sobre o desenvolvimento de um país!”.
Desde então, entre registros de uma viagem a Buenos Aires e comentários sobre livros e artigos publicados em jornais, Joaquim Barbosa se posicionou contra a reeleição, “o fator multiplicador de práticas de corrupção no nosso país”, e a favor da alternância de poder, sem a qual “nenhuma democracia sobrevive”. Também prestou condolências à família do falecido ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos e lamentou a situação da Petrobras, em novembro: “Amigos, alerta: a nossa maior empresa perdeu 20% do seu valor este ano; US$ 1,8 bi saiu do país na semana passada. É isso o que importa!”.
Mais recentemente, Barbosa tem feito críticas mais direcionadas aos poderosos de Brasília. Em dezembro, escreveu: “Que degradação institucional! Nossa presidente vai consultar órgão de persecução criminal antes de nomear um membro do seu governo!!!”, reverberando as notícias de que, em meio à Operação Lava Jato, Dilma estaria buscando informações para não indicar nenhum potencial envolvido no escândalo. “Há sinais claros de que a chefe do Estado brasileiro não dispõe de pessoas minimamente lúcidas para aconselhá-la em situações de crise”, comentou, arrematando: “Onde estão os áulicos tidos como candidatos a uma vaga no STF, que poderiam esclarecer: ‘Ministério Público não é órgão de assessoria’!!!”.
O ex-ministro também destacou o último discurso do Estado da União do presidente norte-americano, Barack Obama, para dizer que “ao invés de cooptar o Congresso com o toma-lá-dá-cá, o Presidente expõe os seus planos e incita o Congresso a aprová-los”; ressaltar “o respeito pelas instituições: o Presidente entra no Congresso e é aplaudido de pé pelos seus correligionários e pela oposição”; e comparar com a conduta no Brasil, onde “uma vez eleito, o Presidente raramente se julga no dever de de explicar à Nação a situação do país, salvo quando tem a ganhar”.
Em uma de suas mensagens de maior repercussão até agora, Barbosa disse que “nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a Presidente Dilma demita imediatamente o Ministro da Justiça”. Foi após a divulgação de reuniões entre o ministro José Eduardo Cardozo e advogados que atuam na Operação Lava Jato.
Atacado como um opositor do Governo após as críticas, o ex-ministro escreveu que seus detratores “fingem não saber que hj sou um cidadão livre” e lamentou: “Incrível como torcem e retorcem o que eu digo! O objetivo é claro: desviar a atenção da essência daquilo que foi objeto do meu comentário”.
Neste mês, ele usou a plataforma para anunciar sua empresa de cursos e palestras a seus mais de 200 mil seguidores. Dos dias antes, não deixou escapar o assunto do momento. Após o panelaço contra a presidenta Dilma, Barbosa causou ainda mais incômodo aos defensores do Governo ao “falar um pouco de História”, algo “importante no momento atual”. Os comentários seguem, enumerado pelo próprio: “1) quem diria em maio de 1789 que aquele convescote estranho realizado em Versalhes iria desembocar na terrível revolução francesa? 2) em 15/11/1889, nem mesmo o general Deodoro da Fonseca tinha em mente derrubar o regime imperial sob o qual o Brasil vivia. Aconteceu. 3) nem o mais radical bolchevique imaginaria lá pelos idos de 1914 que a 1a guerra mundial facilitaria a queda do regime czarista da Rússia”.
Para quem não entendeu a mensagem do ex-ministro que tem manifestado choque ao assistir depoimentos como o do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco em CPI em meio ao maior escândalo de corrupção da história do país, o próprio Barbosa esclarece: “Por que fiz esses 3 últimos posts sobre História? Porque no Brasil pouca gente pensa nas ‘voltas’ e nas ‘peças’ que a História dá e aplica”. (informações de El País)