Afundando a passos largos, com dólar fechando a semana em R$ 3,24
A economia brasileira teve crescimento mínimo de 0,1 por cento no ano passado, registrando o pior desempenho para os investimentos em 15 anos, com queda na produção interna e na importação de bens de capital.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a formação Bruta de Capital Fixo --medida de investimentos-- teve forte queda de 4,4 por cento, o pior resultado desde 1999, quando a baixa foi de 8,9 por cento. Em 2013, a formação bruta de capital fixo havia crescido 6,1%.
"Os investimentos devem continuar a recuar neste ano em virtude de um pessimismo em relação à economia, tanto no setor industrial quanto de serviços, comércio e do consumidor também, além dos apertos da política fiscal e monetária", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, ao comentar os números do Produto Interno Bruto (PIB).
A taxa de investimento (FBCP/PIB) em 2014 ficou em 19,7 por cento.
O consumo das famílias em 2014 cresceu 0,9 por cento, pior resultado desde 2003. O ritmo de crescimento nas despesas do governo também desacelerou, passando para 1,3 por cento no ano passado, ante 2,2 por cento em 2013.
Na análise dos setores da economia, os resultados que ajudaram a manter o PIB em campo positivo no ano passado foram agropecuária, com expansão de 0,4 por cento, e serviços, com alta de 0,7 por cento.
Apesar da expansão, o setor de agropecuária mostrou forte desaceleração ante a alta de 7,9 por cento em 2013. Este recuo, segundo o IBGE, reflete o desempenho da soja, que perdeu produtividade e cresceu menos em termos percentuais. Em 2014, a produção de soja teve um crescimento 5,8 por cento, muito inferior à expansão de 24 por cento em 2013.
Por outro lado, a indústria mostrou retração de 1,2 por cento no ano passado. "Para nós, o resultado de 2014 representa uma estabilidade", resumiu a coordenadora da pesquisa do PIB do IBGE, Rebeca Palis.
ÚLTIMO TRIMESTRE
No quarto trimestre do ano passado, a economia brasileira cresceu 0,3 por cento na comparação com os três meses anteriores --resultado melhor que o esperado pelo mercado--, beneficiada pela expansão de 1,8 por cento do setor agropecuário e crescimento de 0,3 por cento do setor de serviços, enquanto a indústria teve queda de 0,1 por cento.
Do lado da demanda interna, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no período caiu 0,4 por cento. Também a despesa do governo recuou, 0,6 por cento, enquanto o consumo das famílias cresceu 1,1 por cento. Em relação ao quarto trimestre de 2013, o PIB do país registrou retração de 0,2 por cento.
"Este ano será uma continuação do processo iniciado em 2014: pelo lado da oferta, de queda de novo da indústria, desaceleração de serviços e agricultura continuando a ser destaque; do lado da demanda, desaceleração do consumo, queda novamente de investimentos", disse Luis Otávio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil.
Pesquisa Focus do Banco Central com instituições financeiras, aponta previsão de retração de 0,83 por cento do PIB neste ano. (Informações de Reuters/Rodrigo Viga Gaier e Flavia Bohone/Reportagem adicional de Walter Brandimarte)