Na Venezuela, um pacote de leite em pó já chega a custar 22% da renda mínima de um trabalhador, segundo o jornal nacional Correo del Caroni.
Atualmente, o salário mínimo é de 9.648 bolívares, correspondente a R$ 6.232, e o pacote de um quilo do produto está sendo vendido por 2.125 bolívares, equivalente a R$ 1.372 – quantia que um trabalhador recebe por uma semana de trabalho.
O preço regulamentado para o leite em pó de um quilo em saco é de 70 bolívares. Ou seja: o produto está sendo vendido pelo preço correspondente a 30 vezes do original. Em entrevista a uma agência de notícias Venezuelana, o ministro da produção agrícola e terras, Wilmar Castro Soteldo, afirmou que se reuniria na última segunda-feira (25) com uma “tarefa imediata de analisar as estruturas de custos do leite, carne a açúcar para desenvolver um plano para diminuir os custos de produção”.
Não somente o leite, outros produtos já são vendidos como artigo de luxo por conta da escassez das prateleiras venezuelanas – o que, além de acarretar no aumento do preço, também contribuiu para o aumento surreal da inflação, que em setembro de 2015 já batia os 141%.
No ano passado, outros produtos também entraram em falta e atingiram preços completamente fora do normal, como um pacote de preservativos, que chegaram a ser vendidos por um preço equivalente a US$ 750.
A escassez de produtos também chegou a afetar o McDonald’s Venezuelano, que em 2015 substituiu a porção de batatas fritas por mandiocas fritas por causa do não fornecimento da batata. Para este ano, a previsão é de uma situação ainda pior: projeções do FMI apontam que a inflação deve chegar a 720%. No último dia 15, inclusive, o presidente Nicolás Maduro decretou “estado de emergência econômica” por 60 dias, mas que acabou sendo rejeitado pela Assembleia Nacional Venezuelana.