Esse tema parece um pouco exaustivo, mas resolvi trazê-lo à tona porque vi, durante toda a semana, muitos conservadores e direitistas entusiasmados com o PSDB depois de uma convocação de militantes para comparecerem ao fórum da Barra Funda na próxima quarta-feira, dia 17, para protestar na chegada de Lula e a mulher, Marisa, que irão depor pela manhã.
Depois das eleições de 2014, o senador Aécio Neves e o PSDB parecem ter saído de cena por uns instantes. Mas com a gravidade da crise econômica e política, o partido parece ter adotado uma postura mais à direita do que nunca.
Durante esse período, foi comum ouvir da boca de eleitores as seguintes afirmações: “voto no PSDB porque defende ideais conservadores”; ou “apoio os tucanos porque são de direita, e apoiam valores como propriedade privada, redução da maioridade penal” e por aí vai.
Mas, até que ponto isso é verdade?
“De um dos parlamentares mais bem votados do PT em jantar com empresários, anteontem: ‘Vamos ser claros. Existia um acordo entre nós [PT] e o PSDB: o próximo governo era nosso, do Lula. O de 2010 seria do José Serra ou do Aécio Neves, sem problemas. Com a vitória do Alckmin, esse acordo será rompido. E o Alckmin vai ter derrotado o Serra, o Aécio, o Fernando Henrique Cardoso, o Lula, todo mundo.’ A plateia ouvia, algo perplexa. O parlamentar continuou: ‘O Alckmin, se eleito, não vai governar. O PT não vai dar trégua no Congresso. A CUT, o MST, os movimentos sociais, não vão dar trégua nas ruas.’ A perplexidade só aumentou. No mesmo jantar foi dito que o PT está preparado para uma má notícia nas próximas pesquisas: a de que Alckmin tenha empatado ou até superado o presidente Lula nas intenções de votos. ‘Mas o PT vai para as ruas’, disse o parlamentar.”
Apesar de serem um pouco antigas, seria ingenuidade pueril contestar essas informações. De qualquer modo, vamos partir para os fatos:
PSDB x PT
Os dois partidos, embora aparentem certa oposição entre si, não passam de irmãos siameses. Para elucidar essa afirmação, basta lembrar-se da declaração de Fernando Henrique, feita ao candidato Lula poucos dias antes da eleição de 2002: “Você sabe que esta cadeira é sua.”
Mais recentemente, em entrevistas dadas à jornais de grande circulação, alguns estrangeiros, FHC afirmou que “Dilma é uma pessoa honrada” e que “O PT é um partido necessário”, além de elogiar Lula como “um trabalhador humilde que conseguiu ser presidente da sétima maior economia do mundo".
Maioridade penal
Em 2015 a bancada do PSDB na Câmara apoiou em peso a proposta e foi fundamental para a aprovação, que passou com margem de 15 votos – foram a favor da mudança 49 dos 52 tucanos presentes na sessão (são 53 no total).
Histórico
A figura mais importante da história do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sempre se opôs à medida e voltou a criticá-la em um evento realizado abril de 2015.
Durante a administração dele, de 1995 a 2002, o governo federal se opôs à redução da maioridade penal. Ao comentar o assunto em um evento em dezembro de 2001, FHC afirmou: "Não podemos, por causa da violência, nos envolver pela insensatez e buscarmos bodes expiatórios. Esse seria o caminho mais fácil. Daria uma sensação de que a sociedade estaria sendo dura, quando, na verdade, seria um simples escapismo".
Na época, o Ministro da Justiça era o atual senador Aloysio Nunes, que hoje defende a redução da maioridade, embora em termos mais brandos do que o texto aprovado pela Câmara.
CPMF
"Somos contra o aumento dos impostos", disse, neste sábado, o senador Aécio Neves, ao comentar a possível volta da CPMF; "Nós, do PSDB, não apoiaremos nenhuma proposta que puna ainda mais os já tão punidos cidadãos, consumidores e contribuintes brasileiros”.
Histórico
Em 1996, no exercício de FHC como presidente, foi instituída a CPMF, que passou a vigorar em 23 de janeiro de 1997, com base na Lei nº 9.311, de 24 de outubro de 1996.
Pelo que pudemos verificar, PT e PSDB sempre estiveram a dividir o "bolo" do poder. Não se trata de uma oposição real e honesta, uma luta entre esquerda e direita, mas apenas um jogo de conquista de hegemonia. Enquanto os conservadores apoiarem as propostas e discursosPSDBistas, estarão a enaltecer o espectro esquerdista em nosso País. É nesse momento de crise petista que o PSDB enxergou a oportunidade de retomada do poder, conquistando os corações dos antipetistas, que a essa altura corresponde à maior parte da população brasileira.
Vale ressaltar que o PSDB surgiu da ala mais progressista do PMDB, que tinha por origem o MDB, um partido político que abrigou os opositores do Regime Militar de 1964 ante o governo da Aliança Renovadora Nacional (ARENA).
Assista ao resumo de tudo isto nas palavras do próprio Lula: