Integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, o delegado da Polícia Federal Eduardo da Silva Mauat fez críticas indiretas, sem citar nomes, à possibilidade de o advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira chefiar o Ministério da Justiça. “Um ministro que não esteja comprometido verdadeiramente com o combate à corrupção e o fornecimento de meios para as instituições vinculadas à pasta estaria fora desse contexto e, em defesa desse processo de mudança, deveria ser vetado ou derrubado”, disse Mauat.
As críticas do delegado se referem ao advogado Antônio Claudio Mariz de Oliveira que pode chefiar o Ministério da Justiça num possível governo Temer
O delegado disse que não falava pela Lava Jato: “Falo por mim”, acrescentou.
A celeuma criada em torno da possível nomeação de Mariz surgiu de sua atuação como defensor de empreiteiros investigados pela força-tarefa e também por ter assinado manifesto contra a Lava Jato, em janeiro de 2016. As críticas do advogados se referem ao instrumento da delação premiada.
“Acredito que o trabalho até aqui realizado e o envolvimento da sociedade em torno da mudança da imagem do País interna e externamente é um processo irreversível, mas que precisa ser defendido”, afirmou o delegado.
A condução da Lava Jato pelo juiz federal Sérgio Moro já foi objeto de elogios, no início das investigações, em março de 2014, e, nesta fase atual, começou a receber críticas de vários juristas do País. As desaprovações se avolumaram no dia em que o magistrado autorizou a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sala do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A medida foi vista por vários acadêmicos da área como desnecessária. Mas antes que Lula fosse levado a depor sob transmissão televisiva de todo o País, a operação já chegara a ser alvo de divergências entre juristas pelo volume das delações premiadas, das coercitivas e pelas frequentes aparições públicas de Moro.
“Seu senso de heroísmo está equivocado. O juiz-herói é aquele que tem a coragem da discrição, a obsessão com a imparcialidade. Aquele que não negocia direitos fundamentais mesmo quando estes atrasam a investigação. O desafio é impedir que a Lava Jato naufrague, e que não desperdice mais uma vez a oportunidade histórica”, declarou ao professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Conrado Hubner Mendes.
Em outras frentes, Moro foi ovacionado. Nos protestos de rua de março contra o governo Dilma, o juiz foi tratado como herói por alguns manifestantes na Avenida Paulista.
Fonte: Correio Braziliense