O Escritório Nacional de Processos Eleitorais no Peru (ONPE) anunciou nesta quinta-feira (9) o resultado da apuração das eleições presidenciais com 100% das urnas processadas, em que Pedro Paulo Kuczynski um liberal-conservador, do Peruanos Pela Mudança (PPK), tem 50,12% dos votos contabilizados ante 49,88% de Keiko Fujimori, do Força Popular.
O PPK comemorou pelo Twitter. "Obrigado Peru! É hora de trabalhar junto pelo futuro do nosso país", tuitou. "Obrigado pelos que votaram em mim e aos que votaram contra mim... Prometo a vocês um país melhor e diferente (...). Temos que trabalhar como um só país, com muitas opiniões. Ofereço a vocês humildade, conciliação, diálogo e, sobretudo trabalho".
De todas as urnas processadas, 77.134 ou 99,77% foram contabilizadas. Ainda 173 urnas ou 0,22% não foram contabilizadas e serão enviadas para análise da justiça eleitoral. O jornal peruano "La República" informa, no entanto, que elas não representam votos suficientes para reverter o resultado em favor de Keiko -- ou seja, Kuczynski é o virtual presidente eleito, só falta isso ser confirmado oficialmente.
A diferença de votos válidos entre os dois candidatos é de 41.438 votos. Pedro Pablo Kuczynski tem até o momento 8.580.474 votos, enquanto Keiko Fujimori tem 8.539.036.
Kuczinsky após o anúncio do resultado do segundo turno no Peru (Foto: Silvia Izquierdo/AP)
Apoiadores imediatamente comemoraram a vitória de Kuczynski nos arredores da sede de sua campanha em Lima, informa a Associates Press.
Equipe de transmissão
Desde antes da divulgação dos 100% das urnas processadas, representantes do PPK já consideravam que não havia mais riscos de derrota, de acordo com a agência France Presse.
"Já podemos dizer que Pedro Paulo é presidente (...) Sabemos que a margem é bastante apertada, mas finalmente a população decidiu a alternativa do Peruanos Por el Kambio", disse o primeiro-vice-presidente da chapa de PPK, Martin Vizcarra, ao chegar à casa de seu candidato.
Com base em seus próprios cálculos, o Peruanos Por el Kambio já começou a adiantar os trabalhos e organizar sua equipe para a transmissão de cargo com o governo de Ollanta Humala, que se encerra em 28 de julho. Esta equipe será chefiada pela segunda vice-presidente da chapa do PPK e legisladora eleita, Mercedes Aráoz.
Kuczynski, ex-ministro da Economia, sabe que terá que estender pontes ao fujimorismo, que controla 73 dos assentos do Congresso que assumirá em 28 de julho e no qual seu partido tem apenas 18 representantes. Serão vitais para fazer reformas.
Trajetória
Kuczynski nasceu em Lima em 1938, filho de pai alemão e mãe franco-suíça. Seu pai emigrou para o Peru durante o nacional-socialismo. PPK foi ministro de Minas e Energia no segundo governo de Fernando Belaúnde nos anos 1980 e depois da Economia e primeiro-ministro na gestão de Alejandro Toledo (2001-2006), período caracterizado por um avanço dos resultados econômicos do país.
Integrou as diretorias de várias empresas, razão pela qual seus opositores temem que possa defender interesses particulares. Ele é favorável ao livre mercado, planeja reduzir impostos para reativar uma economia exportadora tradicional e criar três milhões de empregos, com investimentos públicos e privados.
Precisou renunciar a sua nacionalidade americana em meio ao receio de seus compatriotas, que temem que isso possa servir para que ele fuja da justiça, como fez o peruano-japonês Alberto Fujimori. Explora sua imagem de experiência, valorizada pelos mercados.
Ele trabalhou duro para tentar superar a imagem de alguém afastado dos mais pobres - setor no qual Keiko Fujimori é popular.