O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná apresentou nova denúncia nesta contra 15 pessoas acusadas de formação de cartel, corrupção e lavagem de dinheiro no contrato para construção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), no Rio de Janeiro, em 21 de janeiro de 2008.
Executivos pagaram mais de 20 milhões de reais em propinas para funcionários do alto escalão da Petrobras e representantes do PT. Segundo procurador da República Roberson Pozzobon, onze dos quinze denunciados são acusados pela primeira vez na Operação Lava Jato
O contrato firmado pelo Consórcio Novo Cenpes com a Petrobras estava inicialmente previsto em 850 milhões de reais, entretanto, depois de sucessivos aditivos, superou o montante de 1 bilhão de reais.
Executivos do Consórcio Novo Cenpes, formado pelas empresas OAS, Carioca Engenharia, Schahin, Construbras e Construcap, ofereceram e pagaram mais de 20 milhões de reais em propinas para funcionários do alto escalão da Petrobras e representantes do Partido dos Trabalhadores (PT), que dava sustentação política ao negócio.
As investigações indicam que os 15 denunciados desempenharam diferentes funções na organização criminosa e se dividiram em quatro grupos: empresarial, operacional, político e administrativo.
Nove denunciados integram o grupo que cuidava da parte empresarial: Roberto Ribeiro Capobianco, Ricardo Pernambuco Backheuser Júnior, Ricardo Backheuser Pernambuco, José Antônio Marsílio Schwarz, José Aldemário Pinheiro Filho, Genésio Schiavinato Júnior, Erasto Messias da Silva Júnior, Edison Freire Coutinho e Agenor Franklin Magalhães Medeiros.
Já no grupo que coordenava a parte operacional, foram denunciados Adir Assad, Rodrigo Morales e Roberto Trombeta, além de Alexandre Correia de Oliveira Romano, advogado que firmou acordo de delação premiada. Eles cuidavam do pagamento de vantagens indevidas entre o núcleo empresarial e o núcleo político, além de montarem o esquema de lavagem do dinheiro proveniente dos crimes cometidos.
O ex-tesoureiro do PT, Paulo Adalberto Alves Ferreira, representou o núcleo político nos fatos e também é alvo da denúncia. Renato de Souza Duque, ex-diretor da Petrobras também foi denunciado pela força-tarefa.
Foram realizadas operações de lavagem de dinheiro por meio de 19 contratos falsos que envolveram 12 pessoas jurídicas e 2 pessoas físicas diferentes, totalizando montante superior a 7,5 milhões de reais, segundo a denúncia. Ainda foram identificados depósitos em favor de 1 pessoa jurídica e 13 pessoas físicas indicadas por Ferreira totalizando mais de 300 mil reais. Por fim, as transações ilícitas no exterior somaram o valor de 711 mil dólares e foram realizadas por meio de contas na Suíça abertas em nome das offshores Cliver Group Ltd., Kindai Financial Ltd. e Mayana Trading Corp.
O procurador da República Roberson Pozzobon, destaca que onze dos quinze denunciados são acusados pela primeira vez na Operação Lava Jato. “Entre os nomes estão um ex-tesoureiro do PT bem como três administradores de empresas cujos executivos ainda não tinham sido denunciados perante o Juízo da 13ª Vara da Seção Judiciária do Paraná: Construcap e Construbase. Isso evidencia que as investigações da Lava Jato continuam em expansão”.
Provas documentais, como contratos fictícios e notas fiscais frias, somadas a depoimentos de colaboradores, apontaram que Ferreira era o beneficiário de recursos oriundos de empreiteiras contratadas pela Petrobras. Não bastassem esses elementos, o próprio ex-tesoureiro do PT reconheceu que solicitou ao advogado operador do esquema que fizesse pagamentos no seu interesse.
Fonte: Veja