domingo, 11 de setembro de 2016

As reflexões do Coronel Plazas Vega

"Eu não comungo com que se fale de renegociação de acordos de paz, porque acredito que com os terroristas não se negocia. São delinquentes."

Depois de 8 anos de estar recluso, a justiça o absolveu e, hoje, desde seu lar onde trata de se recuperar, conta como vê o país e o acordo de paz que se vai assinar com a guerrilha das FARC, e que atualmente não acredita nele, e reitera seu voto pelo “NÃO”.

Depois que o senhor saiu da reclusão, como tem sido sua vida? Em que refletiu?


Minha reflexão é profunda. A que níveis de perversão se chegou na Colômbia? Como é possível que sem ter cometido nenhum delito, tenha estado privado da liberdade por oito anos e meio, tenham destruído minha vida e a de minha família, e que que isto tenha sido feito por uns juízes da República? Mas não um ou dois juízes. É que quando se revisa o número de solicitações de liberdade que me negaram, de Cessação de Procedimento, de preclusão, de nulidade, direitos de Habeas Corpus, apelações, impugnações. São dezenas de recursos, sistematicamente negados mediante uma mentira diferente em cada caso.

Me senti enfrentado em uma consigna de me fazer dano e de me condenar. Deus iluminou a Corte Suprema que me absolveu, e deu uma luz de esperança a muitos colombianos porque nos disse: “ainda restamos alguns honoráveis”. Na Colômbia há muitos advogados cheios de especializações em Direito em nível nacional e internacional, mas carentes dos mais elementares princípios éticos e morais. Seus importantes conhecimentos os tornam mais eficientes para fazer o mal. Nisto há envolvidos Promotores, Juízes e Magistrados. O Ramo Judiciário está em uma degradação aterradora. O que fazem alguns operadores judiciários é ruim e deplorável. Porém, os honestos não sabem o que fazer. Aquele que enfrente, morre ou é perseguido. Há uma universidade da qual surge uma boa parte dos integrantes dessa máfia judiciária. O ocorrido com vários de meus advogados defensores, que se viram obrigados a renunciar, que foram processados por me defender, ou o sucedido com o Juiz Penal Militar, que operando em direito pediu meu processo e por isso foi encarcerado, não tem nome. Isso é o que eu percebo. Porém, o mais grave é que esse inferno que eu vivi, estão vivendo muitas pessoas de bem na Colômbia, militares, políticos, empresários, jornalistas não alugados, cidadãos comuns, enquanto os mais maus e perversos sujeitos estão recebendo a proteção estatal através de alguns setores da justiça, do governo e de um setor do Congresso Nacional.

O que aconteceu ao senhor, pode-se comparar quase com um seqüestro?

É um seqüestro com vícios de legalidade, como tudo o que a guerra jurídica faz neste país a quem se enfrente ao crime organizado ou ao narcotráfico.

O que o senhor pensa da justiça hoje?

O problema mais grave da Colômbia é a corrupção judicial, e seu primeiro passo a essa corrupção é a perda de independência. O funcionário judicial que aceita ameaças, achados ou prebendas pessoais ou familiares, nomeações ou ascensões, em troca de um pronunciamento jurídico em um ou outro sentido, é igual ao que ensaia para provar a droga, ou o que se mete em um bando de assaltantes: depois da primeira atuação ficam atolados e não conseguem sair do inferno.

Como eram antes as Forças Militares e como é agora?

Antes a Colômbia tinhas umas Forças Militares nacionais. Parece que agora são uma Forças Militares governamentais.

O senhor acredita que as Forças Militares estão desanimadas?

Não acredito, estou certo disso.

Como observa o tribunal especial de paz?

Tudo o que sai de Havana é mau. O que há em Havana é uma coleção de criminosos falando com alguns senhores que andam atrás de prebendas e posições políticas. Também dizem que econômicas, isso também é presumível. Porém, os que tomam as determinações são os criminosos e ninguém dá o que não tem. Dos criminosos, tudo o que sai será mau. Os outros só obedecem. O que fazem mais de cinqüenta terroristas, narcotraficantes, delinqüentes comuns amparados pela sigla FARC como negociadores? Com um grupo de dois ou três era suficiente. É fácil deduzir que o que há lá é uma proteção oficial ao crime organizado. Esses terroristas que banharam a nação colombiana de sangue estão protegidos, financiados, transportados, alimentados, alojados e entretidos, pelo orçamento nacional. E ninguém os poderá encarcerar. A Interpol não vai chegar a Cuba nem à Nicarágua. Eu não comungo com que se fale de renegociação de acordos de paz, porque acredito que com os terroristas não se negocia. São delinqüentes. Não representam nenhum setor da população colombiana, só se representam a eles mesmos. O que a nação colombiana necessita é segurança nacional para, como dizia o professor Echandía: “se possa pescar de noite”.

Há pouco, tanto o Centro Democrático como o governo, cada um por aparte apresentaram um projeto de lei para julgamento de militares. Como os analisa?

É parte de um truque para acabar com os militares. Já acabaram com o foro militar, que era o que permitia julgamentos justos e com celeridade aos membros das instituições armadas. Acabaram-no com a história de que “agora sim, vamos blindar os militares”, e um setor de altos oficiais, crendo-se muito inteligentes, mordeu a isca. E aí vemos o que aconteceu: mais de 15.000 processados por uma Justiça Ordinária que está “doente”, como diz Plinio Apuleyo Mendoza em seu último livro “Cárcere ou Exílio”, mais de 2.000 privados da liberdade, sendo inocentes.

Também se apresentou um projeto de voto para os militares. O senhor acredita ser conveniente que se implemente o voto?

Sempre estive de acordo com o voto dos militares em serviço ativo porque eles não merecem ser tratados como cidadãos de segunda. Só países como Haiti e Colômbia têm os militares marginalizados de sua função de cidadãos. Sempre apareceram políticos que se opuseram com qualquer quantidade de razões. Estamos vendo aí os resultados. Os altos comandos militares não entendem a situação do país, politicamente falando, e estão permitindo que se acabe o Estado de Direito. Cada um cuida de sua posição em uma espécie de “salve-se quem puder”, e os políticos que tanto se opuseram, estão ficando sem democracia. Se os bandidos das FARC conseguirem estabelecer o Regime Comunista na Colômbia, ao compasso dos “Acordos de Paz”, aí sim darão o voto aos militares, porque em um Regime Comunista não há senão um só partido: o comunista. E por ele terão que votar. Isso se já o têm “de um cacho”, como diria um conotado personagem há alguns anos.

Como se deve votar o plebiscito?

Sobre isso já escrevi há meses, com todos os argumentos. O voto deve ser NÃO. Não aos “acordos do governo” com o crime organizado, o terrorismo e o narcotráfico, representado nas FARC.

Tradução: Graça Salgueiro

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