sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Lewandowski e o escárnio à Constituição


Na política, normalmente, nada é o que parece ser. Foi assim na votação do impeachment da já ex-presidente. A manobra para fatiar a votação, separando a inabilitação para exercício de cargo ou função pública da cassação de mandato só foi surpresa para quem não conhece a imensa capacidade de sobrevivência e corporativismo da maioria dos políticos brasileiros. Para eles, o povo é e sempre foi secundário. Algo, isso mesmo, “algo” para ser lembrado apenas na época das eleições. 

Ricardo Lewandowski apenas se dispôs a fazer o serviço sujo. Pode-se dizer que ele estava até ansioso para demonstrar seu desprezo pelo processo. Afinal, como todo aliado de Dilma, ele sempre se referiu a ela como “presidenta”. E nem se importou de ser filmado com a boca fechada quando da execução do Hino Nacional na posse de Michel Temer, quando todos os ali presentes cantavam. Devia sua posição no STF à jararaca e quando precisou pagou ao aliado o favor prestado.

Fato é que qualquer acadêmico de direito que sabe ler tem convicção que a inabilitação caminha junto com a cassação do mandato de um presidente; uma sanção não existe sem a outra. Ricardo Lewandowski também sabe disso. O grave, nessa situação, é que ele preside a mais alta corte de justiça do Brasil, que é, por definição, a guardiã da Constituição Federal. A mesma Constituição que mereceu o escárnio de Lewandowski ao simplesmente ignorá-la em uma manobra que, agora já se sabe, estava combinada há duas semanas.

O desenlace de tal situação ainda está longe de ser conhecido. Com um golpe de mestre a camarilha petista conseguiu judicializar o impeachment sem sequer precisar acionar o STF. Seus adversários já estão fazendo isso. E não se espantem se dentro de algum tempo o STF anular a votação. E se isso acontecer? O que virá depois? A “fera” petista, apesar de ferida e acuada não está morta. Um animal ferido é sempre mais perigoso. Enquanto puderem vão tumultuar o Brasil, fechando avenidas e rodovias. Ao contrário do que diz a imprensa essas ações não são manifestações políticas. São atos de banditismo e devem ser tratadas como tal. O Brasil ainda não está pronto para ressurgir das cinzas do petismo. A esquerda radical ganhou um novo fôlego. E o radicalismo não está apenas na massa de manobra das ruas. Está principalmente nos gabinetes onde se articula contra a nação brasileira. O verdadeiro perigo está lá. Ignorá-lo poderá se tornar nosso mais trágico erro.

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