
Embora não haja qualquer referência ao tríplex de Lula na sentença de 311 páginas de Palocci, que o condenou a doze anos, dois meses e vinte dias de reclusão, o nome do ex-presidente Lula é citado 68 vezes, seja em trechos destacados pelo juiz Sergio Moro ou nas transcrições dos depoimentos que foram usados como provas para estipular as penas de cada réu.
O juiz cita o envolvimento do ex-presidente em tratativas de irregularidades, na maioria dos casos a partir de depoimentos de testemunhas e acusados.
O próprio Marcelo Odebrecht, ex-presidente do grupo disse ter tratado do pagamento de caixa 2 para a primeira campanha vitoriosa de Lula.
“Eu tratei de recursos Ñnanceiros com o ministro Palocci
por duas vezes: na campanha de 2002, primeiro semestre de
2002, e 2006, primeiro semestre de 2006. Sobretudo na
campanha de 2002 onde nós estávamos nos conhecendo e era o
primeiro governo do presidente Lula e havia da nossa parte,
como empresa, uma preocupação muito grande da ordem da
ideologia, como o projeto seria conduzido”,
-disse Marcelo, em um dos interrogatórios.
O marqueteiro João Santana também admitiu, em depoimento na ação, ter feito a campanha de Mauricio Funes a presidente em El Salvador, no ano de 2010, a pedido de Lula. A Odebrecht, disse, bancou parte dessa campanha via caixa 2 por ordem de petistas.
Lula também aparece no capítulo da sentença destinado a explicar a atuação da marqueteira Mônica Moura, esposa de João Santana. Mônica con€rmou o recebimento de dezoito milhões de reais em 2008 do Grupo Odebrecht, de cinco milhões e trezentos mil reais em 2008 para campanha em El Salvador, com os valores pagos pelo Grupo Odebrecht por solicitação do ex-Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, e, mais relevante para o presente feito, que receberam em 2011 pagamentos no exterior pelo Grupo para quitar dívida relativa à campanha presidencial de 2010.