Chanceler brasileiro mostra alinhamento do Brasil com a Palestina
Aloysio Nunes visita Monte do Templo acompanhado de líderes islâmicos
Entre 26 de fevereiro e 6 de março o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes realiza uma viagem ao Oriente Médio. Depois de dois dias em Israel, onde se encontrou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, foi para os territórios palestinos, ficando ali também por dois dias.
Neste sábado (3), voltou a Israel e subiu ao Monte do Templo, sendo acompanhado de líderes políticos e religiosos palestinos. O chanceler visitou o “Domo da Rocha” e desceu até o local conhecido como “poço das almas”, considerado um lugar sagrado para os islâmicos.
A mídia palestina reporta que ele foi acompanhado pelo líder muçulmano responsável pelo local, conhecido como Mesquita de Omar, o sheik Azzam Al-Khateeb e de um imã. Também faziam parte do grupo o embaixador do Brasil na Palestina, o embaixador palestino no Brasil e o subsecretário do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Palestina, Tayseer Jaradat.
Câmera inferior do Domo da Rocha, chamado de “poço das almas”
Os territórios palestinos são islâmicos e muito do conflito com Israel possui uma motivação religiosa.
Brasil não reconhece Jerusalém como capital de Israel, mas da Palestina
Nas votações em assembleias das Nações Unidas e nas reuniões da UNESCO, o Brasil vem votando consistentemente contra Israel. Foram cerca de 40 votos em desfavor durante o governo Temer, dando continuidade à linha que o país adotou desde o governo Lula.
Na votação mais recente, na Assembleia Geral em dezembro de 2017, foram aprovadas seis resoluções contra Israel. Em todas elas o Brasil ficou ao lado da Palestina.
A resolução
A-72-L.11 afirma que “quaisquer ações tomadas por Israel, a força ocupante, para impor suas leis, jurisdição e administração sobre a Cidade Santa de Jerusalém são ilegais e, portanto, nulas e sem validade”.
Essa terminologia repete resoluções semelhantes aprovadas anteriormente
pelas Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que ignoram a existência do Monte onde ficava o Templo de Salomão, usando apenas o termo islâmico para o local: Haram al-Sharif.
Os jornais palestinos que cobriram a visita de Aloysio Nunes ao monte do Templo destacaram que o Brasil além de reconhecer a Palestina como uma nação independente, subscreve ao pedido palestino de uma “solução de dois Estados”, seguindo as linhas de 1967. Isso, na prática significa ver a porção Oriental de Jerusalém como a capital da Palestina. Essa é a posição oficial do governo brasileiro desde 2010,
conforme indica o site do Itamaraty.
Contudo, essa nota oficial foi emitida um dia depois que Donald Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e deixa clara a posição do Brasil contrária a ela. No mesmo espírito,
o voto brasileiro seguiu a proposta dos países islâmicos na ONU, dizendo que a decisão americana era “nula e sem efeito”.