Líder do PT diz que atuação do partido é justificada
José Dirceu
Em uma longa
entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ex-ministro José Dirceu, considerado um dos cérebros do Partido dos Trabalhadores, fez declarações assustadoras, mas que mostram como pensa a liderança dos movimentos de esquerda do país.
Dirceu, que aos 72 anos está prestes a voltar para a cadeia, tendo seu nome citado em mais de uma das investigações da Lava Jato, foi condenado a 41 anos de cadeia. Mesmo com a abundância de provas em contrário, ele insiste que seu partido não pode ser considerado culpado. Estranhamente, compara a atuação do PT com a Igreja Católica.
“Nós temos que denunciar o que fizeram conosco, e não foi por causa de nossos erros… Eu faço o balanço histórico: estamos do lado certo e o saldo de tudo o que fizemos é fantástico. Eu vou dizer uma coisa para você: a Igreja Católica Apostólica Romana tem uma história de crimes contra a humanidade. Não vou nem falar das Cruzadas ou da Inquisição. Se eu for olhar para ela, vou mandar prender todos os padres e bispos porque a pedofilia é generalizada. Ou não é? Mas é a Igreja Católica Apostólica Romana. A vida é assim. O mundo é assim. O PT cometeu erros? Muitos. Mas tem uma coisa: o lado do PT na história, o nosso lado, é o lado do povo, do Brasil”.
Na sua avaliação, para que sejam derrotadas o que chama de “tentativas de golpe” é preciso uma coisa: armas. Ele diz também que seu partido não desistiu do projeto de poder que haviam estabelecido para o país, e nomeia quem são os seus aliados: “Os candidatos do PSOL, do PC do B, o PT, o PDT e o PSB”.
Mesmo preso, Lula terá, segundo Dirceu, muita influência nas próximas eleições. “Ele deve pensar o país, pensar no que está acontecendo. Ele não está proibido de fazer política só porque está preso”, reclama.
Ainda de acordo com o ex-ministro “Lula vai transferir de 14% a 18% de votos para o candidato que ele apoiar… Eu tenho confiança de que o fio da história do Brasil não é o fio das forças da direita. O fio da história do Brasil é o fio que nós representamos”, assegurou.
Outro aspecto que chama atenção é seu relato sobre a convivência com Eduardo Cunha, na carceragem em Curitiba. “Ele é muito disciplinado. Dedica uma parte do tempo para ler a Bíblia, frequenta o culto. Conhece a Bíblia profundamente. E em outra parte do tempo se dedica a ler os processos”, relata.