Daniel Ortega tenta mudar o foco e ataca bispos
Nas últimas semanas, o governo endureceu a repressão contra os opositores (Foto: Oswaldo Rivas/Reuters)
Após semanas de conflitos com a população que protesta nas ruas contra seu governo, o ditador comunista Daniel Ortega, da Nicarágua atacou a Igreja Católica e disse que seus opositores “precisam ser exorcizados”.
“Somos obrigados a pedir aos bispos que se retifiquem e não alimentem essas seitas satânicas, golpistas, assassinas”, insistiu Ortega, em um discurso nesta quinta (19) logo após listar o nome dos 22 policiais nacionais mortos durante os protestos. Contudo, ele ignorou os 280 civis mortos, que incluíam a família de um pastor evangélico.
Silvio Báez, bispo auxiliar da capital Manágua, rebateu, afirmando em publicação no Twitter que: “A Igreja não sofre por ser caluniada, agredida e perseguida. Sofre por quem foi assassinado, pelas famílias que choraram, pelos detidos injustamente e pelos que fogem da repressão”.
Como é característico de governos totalitaristas, o mandatário nicaraguense acusou os manifestantes que foram as ruas pedir novas eleições de serem pagos e denunciou “agências norte-americanas” por financiarem a oposição.
Estavam presentes no ato público que comemorava os 39 anos da Revolução Sandinista, os chanceleres da Venezuela, Jorge Arreaza, e de Cuba, Bruno Rodríguez. Ambos acusaram os EUA de serem os responsáveis pelos protestos.
Arreaza chegou a oferecer ajuda armada: “Saiba, presidente Ortega, que, se o povo bolivariano, os revolucionários da Venezuela, tivéssemos de vir a Nicarágua para defender a soberania e a independência, a ofertar nosso sangue pela Nicarágua, iríamos à montanha de Nova Segovia como [o líder guerrilheiro Augusto] Sandino”.
Ortega está no poder há 11 anos, liderando o partido Frente Sandinista de Libertação Nacional, de inspiração marxista. Após as constantes violações de direitos humanos em seu país, ele vinha perdendo apoio de antigos aliados internacionais. Mas durante o Foro de São Paulo, encontro que reúne partidos de esquerda latino-americanos, reunido no início da semana em Cuba o Partido dos Trabalhadores (PT), declarou que o continua respaldando.
Com informações das agências