Polícia Federal investiga siderúrgica suspeita de manipular julgamento no Carf e evitar pagamento de R$ 650 milhões. PF cumpriu mandados de busca e apreensão em quatro estados e no DF

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira (26) a 10ª fase da Operação Zelotes, que apura irregularidades em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Entre os alvos da operação estão o secretário de Comércio Exterior do governo Dilma Rousseff Daniel Godinho e o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex) no governo Fernando Henrique Cardoso, economista Roberto Giannetti da Fonseca, presidente da Kaduna Consultoria, ex-diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Gianetti da Fonseca disse, por meio de nota, que são “totalmente infundadas” as suspeitas contra ele e sua empresa.
Também em nota, Daniel Godinho afirmou: “Estou absolutamente tranquilo quanto à probidade e à legalidade de todos os meus atos no exercício da função de Secretário de Comércio Exterior. Permaneço à disposição das Autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos”.
O procurador Frederico Paiva, um dos responsáveis pela investigação, disse em entrevista coletiva, em Brasília, que esta deve ser a última ação policial dentro da Operação Zelotes. Com essa ação, segundo ele, serão encerradas as investigações.
De acordo com o procurador, a empresa investigada nesta fase, a siderúrgica Paranapanema, é suspeita de ter corrompido agentes públicos e privados para manipular julgamento no Carf e evitar o pagamento de impostos que somam, com as multas, R$ 650 milhões. Inicialmente, o MPF afirmou que o valor ultrapassava R$ 900 milhões. O ‘G1′ busca contato com a siderúrgica.
“Esse julgamento foi manipulado, esse julgamento foi corrompido por agentes públicos e provados”, disse o procurador.
Segundo Paiva, os investigadores identificaram, por meio da quebra de sigilo telefônico, de e-mails e mensagens, que advogados da empresa se reuniam com pessoas que participariam do julgamento do Carf para combinar os resultados.
Segundo o procurador, a siderúrgica teria feito pagamento de R$ 8 milhões aos envolvidos no esquema para manipular o julgamento no Carf.
De acordo com Paiva, nessas reuniões houve uma negociação para que, após a decisão do Carf, não fossem impetrados recursos, o que, de fato, não ocorreu.
Fonte: G1