segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Islâmicos destruíram 343 igrejas no Iraque

Líderes falam em perdão e recomeço: “Em nome de Jesus Cristo tudo é possível”

Igreja destruída no Iraque.

Este mês completa quatro anos que cerca de 140 mil cristãos precisaram fugir em massa do Iraque, enquanto militantes do Estado Islâmico tomavam de assalto as planícies de Nínive, no Iraque, maior reduto cristão no país.

“Seu plano era eliminar a população cristã e também a memória histórica”, disse Andrew Walther. Ele é parte dos Cavaleiros de Colombo, a maior organização católica dedicada a ajudar os cristãos perseguidos naquela parte do Oriente Médio.

Walther lembra que a história milenar da presença cristã do Iraque foi destruída em questão de dias. “Eles explodiram o túmulo do profeta Jonas. Depois, destruíram sistematicamente os cemitérios cristãos, as igrejas cristãs e casas dos cristãos”, lembra.

Durante mais de 2000 anos, a região de Nínive foi o lar dos cristãos caldeus, siríacos e assírios. Na grande maioria eles seguem a tradição católica ou ortodoxa. “Quando o Estado Islâmico invadiu o norte do Iraque, dizimaram os cristãos. Eles chegaram dizendo que nossa opção era converter ao islamismo ou morrer. Muitos fugiram no mesmo dia”, explica Walther.

“Os jihadistas queriam eliminar qualquer tipo de diferença. Por isso, não apenas mataram as pessoas, também removeram tudo que se referia a nossa cultura.”

O saldo do massacre foi a destruição de 263 igrejas e mais de 13.000 casas de não islâmicos, pois a minoria Yazidi também foi perseguida. Ninguém sabe até hoje o paradeiro de centenas de mulheres que foram sequestradas por eles.

“O objetivo do EI era explodir monumentos, igrejas e qualquer coisa pertencente a uma crença religiosa diferente do Islamismo”, acrescentou Walther.

Hoje, quatro anos depois, o Estado Islâmico foi derrotado e não domina mais a região. Contudo, muitas aldeias permanecem desoladas. “Muitas cidades ainda são zonas de guerra, com minas terrestres e sem água, para onde a população original não pode voltar”, disse Walther, que viaja por todo o Iraque tentando ajudar os que desejam voltar para suas antigas casas.
Fé para superar

Apesar dos enormes desafios, os cristãos iraquianos estão lentamente tentando recomeçar a vida na terra de seus antepassados. Com a ajuda de grupos humanitários católicos e evangélicos, centenas de famílias estão reconstruindo ou restaurando suas casas.

O padre Salar Kajo trabalha com o Comitê de Reconstrução de Nínive (NRC), ONG que tenta reconstruir nove aldeias naquelas planícies. “A igreja é a única organização que trabalha para que os cristãos do Iraque recuperem suas casas”, disse Kajo. “Se essas famílias não voltarem, o cristianismo desaparecerá do Iraque”.

Segundo um levantamento recente, 8.815 famílias cristãs iraquianas retornaram às planícies de Nínive desde que o Estado Islâmico foi derrotado.

Conforme destaca Andrew Walther, os centros médicos e de distribuição de alimentos ajuda a todos: “Temos clínicas médicas que atendem às necessidades das populações yazidis, cristãs e muçulmanas”.

Contudo, ele sabe que a maioria das casas igrejas não serão reconstruídas. “Já investimos cerca de 20 milhões de dólares, mas não é o suficiente”, calcula. O orçamento mínimo para restaurar as casas, os templos e a infraestruturas básica está na casa dos US$ 200 milhões. A missão Portas Abertas também está envolvida no projeto, mas não divulgou seus gastos.

Walther diz que os cristãos que voltaram estão prontos para perdoar e seguir em frente. “Algo que esses cristãos me dizem repetidamente é que o perdão é um grande elemento disso”, revela.

“A ideia de que a comunidade cristã pode perdoar o que foi feito a eles e ajudar a ser uma espécie de fermento como resultado disso, é algo que eles levam muito a sério”, acrescentou Walther.

O padre Salar Kajo destaca que somente a fé possibilita que eles falem sobre perdão e o futuro. “Nosso povo sofreu muito. Durante anos como refugiados no Curdistão enfrentaram muitas dificuldades. Mas eles têm uma fé que lhes permitiu superar tudo. Em nome de Jesus Cristo tudo é possível”. 

Com informações CBN

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