Agentes ligados ao Kremlin ajudam a proteger Maduro na Venezuela, dizem fontes
Mercenários ou Private Military Company Russos operando na Ucrânia.
Por Maria Tsvetkova e Anton Zverev
MOSCOU (Reuters) - Mercenários contratados pela Rússia para missões militares secretas se dirigiram nos últimos dias à Venezuela para reforçar a segurança do presidente Nicolás Maduro, que enfrenta protestos de oposicionistas apoiados pelos Estados Unidos, de acordo com duas pessoas próximas a essas companhias.
Uma terceira fonte próxima aos russos também disse à Reuters haver um grupo de pessoas contratados por Moscou na Venezuela, mas não pôde precisar quando chegaram ou qual função iriam cumprir.
A Rússia, que tem apoiado o governo socialista de Maduro com bilhões de dólares, prometeu nesta semana manter-se leal a ele depois de o líder oposicionista Juan Guaidó ter se autoproclamado presidente interino, com o respaldo de Washington.
Trata-se da mais recente crise internacional a contrapor as superpotências mundiais, com os EUA e a Europa apoiando Guaidó, enquanto Rússia e China defendem a não interferência.
Yevgeny Shabayev, líder de um braço local de um grupo paramilitar ligado aos terceirizados russos, disse saber da existência de cerca de 400 russos contratados para atuar na Venezuela. Mas as outras fontes falaram em grupos menores.
O Ministério da Defesa russo e o Ministério da Informação venezuelano não responderam a pedidos de comentário sobre as empresas contratadas. Mas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou: “não temos tal informação”.
Os terceirizados estão associados ao chamado grupo Wagner, cujos membros, a maioria ex-agentes de segurança, já combateram clandestinamente em apoio às forças russas na Síria e na Ucrânia, de acordo com entrevistas feitas pela Reuters com dezenas de contratados, seus amigos e parentes.
Uma pessoa que acredita-se trabalhar para o grupo Wagner não respondeu a uma mensagem com pedidos de informação.
Ao citar contatos no aparato de segurança russo, Shabayev disse que o contingente que voou para a Venezuela se dirigiu ao país no início da semana, um ou dois dias antes de começarem os protestos da oposição.
Ele disse que os terceirizados partiram em dois aviões fretados para Havana, em Cuba, onde foram transferidos para voos comerciais em direção à Venezuela. O governo cubano, que pelas duas últimas décadas tem sido um aliado próximo do governo socialista venezuelano, não respondeu a pedidos de comentário.
A tarefa dos terceirizados russos na Venezuela seria proteger Maduro de qualquer tentativa de prendê-lo por parte de simpatizantes da oposição infiltrados nas forças de segurança, disse Shabayev. “Nosso pessoal está lá para sua proteção direta”, disse.
CONEXÃO CUBANA
Ele disse que o grupo partiu em dois aviões fretados para Havana, Cuba, de onde foram transferidos para vôos comerciais regulares para a Venezuela. O governo cubano, um aliado próximo dos socialistas dominantes da Venezuela nas últimas duas décadas, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A tarefa dos contratados na Venezuela era proteger Maduro de qualquer tentativa de simpatizantes da oposição em suas próprias forças de segurança para detê-lo, disse Shabayev.
"Nosso pessoal está lá para garantir a proteção de MAduro", disse ele.
Autoridades venezuelanas afirmaram ter reprimido na segunda-feira uma tentativa de revolta de oficiais militares desonestos a cerca de um quilômetro do palácio presidencial em Caracas.
Maduro, o sucessor de 56 anos de idade de Hugo Chávez, só toma as ruas em situações cuidadosamente controladas, desde que as multidões o atacaram no passado.
Uma das duas fontes russas anônimas, que é próxima do grupo Wagner e lutou em conflitos estrangeiros, disse que os mercenários chegaram antes da eleição presidencial de maio de 2018, mas outro grupo chegou "recentemente".
Perguntado se a implantação estava ligada à proteção de Maduro, a fonte disse: "Está diretamente conectado". Os mercenários voaram para a Venezuela, não de Moscou, mas de outros países, onde eles estavam conduzindo missões, acrescentou.
A terceira fonte, próxima dos mercenários, disse que havia um contingente na Venezuela, mas não pôde fornecer mais detalhes.
"Eles não chegaram em uma grande grupo", disse ele.
Dados de rastreamento de vôos disponíveis publicamente mostraram uma série de aviões do governo russo pousando na Venezuela ou nas proximidades dela nas últimas semanas, embora não houvesse evidências de que os vôos estivessem conectados a mercenários ou cargas militares.
Uma aeronave de transporte russo Ilyushin-96 voou para Havana na quarta-feira depois de iniciar sua jornada em Moscou e voar via Senegal e Paraguai (?), segundo os dados.
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A aeronave, um jato civil, é de propriedade de uma departamento da administração presidencial russa, de acordo com um contrato de aquisição publicamente disponível relacionado ao avião.
Entre 10 de dezembro e 14 de dezembro do ano passado, uma aeronave de carga pesada Antonov-124 e uma aeronave de transporte Ilyushin-76 realizaram voos entre a Rússia e Caracas, segundo dados de rastreamento de voos. Outro Ilyushin-76 esteve em Caracas de 12 de dezembro a 21 de dezembro do ano passado. Todas as três aeronaves pertencem à força aérea russa, de acordo com os dados de rastreamento.
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