Em sua live pelo Facebook, presidente chamou o ministro de "excepcional"
Presidente Jair Bolsonaro Foto: PR/Marcos Corrêa
O presidente Jair Bolsonaro rebateu as críticas contra a militarização do Ministério da Saúde e afirmou que o general Eduardo Pazuello deve ficar à frente da pasta.
– O Pazuello está muito bem lá – declarou Bolsonaro em sua live semanal nas redes sociais.
O presidente argumentou ainda que prefeitos e governadores que têm solicitado auxílio ao Ministério da Saúde estão sendo atendidos.
– Acho que está precisando muito mais de um gestor do que um médico na saúde – acrescentou Bolsonaro, referindo-se às queixas de que o militar não tem formação médica.
A atuação de Pazuello –ministro interino desde o pedido de demissão de Nelson Teich, em maio– e a ocupação de postos-chave da pasta por militares estiveram no centro de uma crise nos últimos dias.
No final de semana passado, o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), criticou a militarização do ministério e disse que o Exército estava se associando a um genocídio.
Pazuello comanda o principal ministério responsável por reagir à crise do coronavírus, que no Brasil já soma mais de 2 milhões de infectados e 76 mil mortos.
A fala de Gilmar desencadeou dois movimentos.
Porta-voz da cúpula militar, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, publicou uma dura nota e informou que havia representado contra Gilmar na PGR (Procuradoria-Geral da República).
Mas, em outro flanco, integrantes do Exército incomodados com a responsabilização das forças armadas renovaram as pressões para que Pazuello seja substituído ou peça remoção para a reserva –como fez o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo.
A aliados, no entanto, o ministro interino sinalizou que não pretende antecipar sua ida para a reserva.
Na live desta quinta, Bolsonaro confirmou que conversou com Gilmar após a eclosão da crise e que instruiu Pazuello a informar o magistrado sobre ações da pasta.
Em um sinal de que não pretende antagonizar com Gilmar, Bolsonaro afirmou que “crítica construtiva é bem-vinda” e que, com a nota do Ministério da Defesa, considera o assunto encerrado.
O presidente usou a transmissão para render elogios a Pazuello, a quem chamou de “excepcional”, e negar que exista um excesso de militares na pasta ou mesmo na Esplanada. Bolsonaro está em isolamento no Palácio da Alvorada, após ter sido diagnosticado com o coronavírus.
– [Vamos] falar em Pazuello. Alguns querem a saída dele porque [tem] a militarização. Vocês estão com saudades dos ministros da Dilma, Lula e Fernando Henrique? – questionou o presidente.
Ele disse ainda que o general da ativa levou consigo 15 militares para auxiliá-lo na pasta.
Apesar da fala do presidente, há ao menos 24 militares, na ativa ou na reserva, nomeados para o ministério.
Bolsonaro enumerou ainda um a um todos os seus ministros que também são militares e lembrou que sua chapa presidencial em 2018 era formada por ele –um capitão reformado– e pelo vice-presidente Hamilton Mourão, general da reserva.
– É proibido militar na política? É proibido militar ser ministro? Não – declarou o presidente.
*Folhapress