Assad veste pele de cordeiro e diz estar pronto a trabalhar com os EUA, mas avisa Obama: atuação solitária será "violação da soberania síria"
Para combater o "terrorismo" perpetrado pelo Estado Islâmico (EI) à sua passagem por cidades da Síria e do Iraque, na demanda de criar um califado islâmico na região, é necessário que a comunidade internacional se coordene e trabalhe em conjunto, sem que os Estados Unidos ponham a hipótese de atuar solitariamente, violando a soberania síria.
O aviso foi deixado ontem por Walid al-Muallem a Barack Obama, líder da navegação militarizada nas turbulentas águas do Iraque desde 8 de Agosto, quando o exército norte-americano iniciou uma campanha de bombardeamentos aéreos a zonas tomadas pelo EI na fronteira com o Curdistão, no Norte do país que as tropas dos EUA deixaram no final de 2011 após dez anos de guerra.
Numa conferência de imprensa em Damasco, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Bashar al-Assad disse que o governo sírio está preparado para coordenar esforços de combate à ameaça que o EI representa, que muitos analistas em todo o mundo dizem ser a mais perigosa de sempre, ultrapassando a decadente Al-Qaeda e outros grupos jihadistas. Mas deixou claro que responderá em pleno direito a qualquer intervenção solitária do exército americano.
"A Síria está preparada para uma cooperação e coordenação aos níveis regional e internacional para lutar contra o terrorismo e implementar a resolução 2170 do Conselho de Segurança da ONU", aprovada com rara unanimidade pelos membros do organismo a 15 de Agosto, condenando os "abusos generalizados e brutais dos direitos humanos por grupos extremistas no Iraque e na Síria".
Questionado sobre se os Estados Unidos e o Reino Unido são possíveis parceiros, Al-Muallem confirmou que sim, mas avisou: "Temos de sentir que a cooperação é séria e sem dois pesos e duas medidas. Qualquer violação da soberania síria será um a8to de agressão."
Os avisos surgem depois de os Estados Unidos terem dado a entender que poderão alargar as atuais operações aéreas ao território sírio, onde o EI tem ganhado espaço de manobra ao longo dos mais de três anos de guerra civil que deixaram o país entregue a bandos armados inimigos que combatem entre si e contra as forças da dinastia alauita.