Ministro indiano convocou reunião de emergência para discutir novas medidas de segurança
(A. Majeed/AFP/Getty Images)
Fotografia tirada em 3 de setembro de 2014 mostra um homem paquistanês segurando um panfleto supostamente distribuído pelo Estado Islâmico (IS) na cidade paquistanesa de Peshawar. Os panfletos, intitulados "Fatah" (Vitória) e publicados nos idiomas Pashto e Dari, foram supostamente distribuídos por militantes da Al-Qaeda em Peshawar e províncias fronteiriças vizinhas, segundo relatos. A Al-Qaeda, que em 4 de setembro anunciou uma nova frente jihadista na vizinha Índia, Bangladesh e Mianmar para atrair os jihadistas de todo o mundo para os campos de treinamento na fronteira afegã-paquistanesa, viu sua influência global eclipsada pelo Estado Islâmico (IS) que atua no Iraque e na Síria
O governo indiano colocou ontem vários estados sob alerta máximo após um anúncio pela Al-Qaeda da formação de um ramo indiano da rede extremista. Na mensagem audiovisual, de 55 minutos o líder do grupo, Ayman al-Zawahiri, fala numa “Al-Qaeda do subcontinente indiano” que vai “erguer a bandeira da jihad” em todo o sul da Ásia. No mesmo vídeo, Al-Zawahiri renova sua lealdade para com os talibãs afegãos e seu líder, Mullah Omar.
Após a divulgação do vídeo, o ministro indiano do Interior Rajnath Singh, convocou uma reunião de emergência com os serviços de segurança do país para discutirem “novas medidas de segurança” e prepararem uma declaração de imprensa para o primeiro-ministro Narendra Modi, eleito em maio deste ano.
Os serviços de segurança e as agências secretas indianas já analisam o vídeo e especialistas afirmaram ontem que o vídeo parece ser uma reação ao crescente domínio do Estado Islâmico (EI), que já está presente no vizinho Paquistão.
Inicialmente nascido como um dos ramos da Al-Qaeda, os dois grupos aparentam ter-se separado num divórcio que já ocorre há vários anos. Numa carta encontrada no abrigo onde Ossama bin Laden, anterior líder da Al-Qaeda, foi morto por tropas norte-americanas no Paquistão, em maio de 2011, o chefe da rede jihadista já alertava para a “extrema brutalidade” do EI e avisava que este podia “danificar a reputação da Al-Qaeda” graças ao completo desprezo que tem pela vida humana. A carta de 21 páginas e redigida por um dos principais conselheiros de Bin Laden foi divulgada no dia 10 de agosto e, resumidamente, ditava que o modus operandi do EI é tão bárbaro que nem o grupo que levou a cabo os atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque quer ter nada a ver com eles.
Durante esta primavera, Al-Zawahiri tomou em consideração o alerta deixado pelo antecessor e repudiou oficialmente o EI da lista de afiliados da Al-Qaeda – que atualmente inclui a Al-Qaeda para a Península Arábica (AQAP, concentrada sobretudo no Iémen), a Al-Qaeda para o Magrebe Islâmico (AQIM, concentrada sobretudo no Norte de África), a Al-Shabbab (concentrada na Somália, que os EUA bombardearam em alguns locais do país no início da semana) e a Frente al-Nusra (Síria).
O anúncio emitido ontem por Al-Zawahiri de um novo ramo na Índia para fazer chegar a sua jihad ao sul da Ásia parece demonstrar não só vontade mas urgência do grupo em contrariar os avanços do EI no Oriente Médio e recuperar terreno.
Ainda assim, a análise entra em contradição com o que a BBC revelou com exclusividade na terça-feira (2), sobre a Hezb-e-Islami estar”ponderando uma união com o Estado Islâmico”.
A milícia afegã é tida como aliada dos talibãs nesse país e segundo o seu líder, o comandante Mirwais, em declarações ao canal britânico, “se o Daish [acrônimo árabe do EI] provar que quer verdadeiramente um califado islâmico, iremos juntar-nos a eles”.