A Polícia Federal está de posse de uma sequência de e-mails que
reforçam a suspeita de que a agência de propaganda e marketing Muranno
Brasil recebeu R$ 1,7 milhão do esquema de corrupção e propina na
Petrobrás. Essa nova linha de investigação da Operação Lava Jato pode
atingir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente da
estatal petrolífera José Sérgio Gabrielli, citados pelo doleito Alberto
Youssef como ordenadores do pagamento à Muranno.
Os e-mails que a PF analisa foram trocados entre o empresário Ricardo
Villani, dono da agência de propaganda, o ex-gerente de Comércio de
Álcool e Oxigenados da Petrobrás Sillas Oliva Filho e outros
funcionários da estatal, entre 2006 e 2009. A Muranno foi apontada por
Youssef como uma agência contratada pela
Petrobrás com dinheiro não contabilizado. Credora de cerca de R$ 7
milhões, a Muranno teria pressionado o governo Lula para receber valores
atrasados. O doleiro está fazendo delação premiada junto à força tarefa
de procuradores da República que investigam a Lava Jato.
Em 2010, segundo o doleiro, o dono da empresa teria ameaçado
denunciar os esquemas de corrupção e propina na estatal controlado pelo
PT, PMDB e PP e que abasteceu também o PSDB e o PSB. Youssef afirmou que Lula soube da ameaça, na época, e teria
determinado a Gabrielli que usasse o dinheiro “das empreiteiras” –
denunciadas na Justiça Federal por causa das obras da refinaria Abreu e
Lima – para resolver a pendência. O ex-presidente da Petrobrás teria
procurado por Costa, que determinou a Youssef o pagamento.
Segundo o doleiro, que aceitou dizer o que sabe em troca de redução
de pena, foi ele quem pagou R$ 1,7 milhão à Muranno entre dezembro de
2010 e janeiro de 2011, a pedido de Costa.