Em meio a um
ajuste fiscal estimado já em R$ 45,8 bilhões, o ministro da Fazenda,
Joaquim Levy, disse que o modelo do seguro-desemprego está
"completamente ultrapassado". A afirmação foi dado em entrevista ao
jornal britânico Financial Times durante o Fórum Econômico Mundial em
Davos, na Suíça. Levy utilizou o benefício como exemplo para defender a
necessidade de cortes e reformas em diversas áreas. Entretanto, ele fez
questão de reforçar que o Bolsa Família não será atingido.
"O mundo está mudando e é hora do Brasil mudar", afirmou, acrescentando
que as políticas anti-cíclicas têm limite, "especialmente quando você vê
que as duas maiores economias do mundo (EUA e China) estão também
mudando sua postura". Para Levy, o País precisa de reformas estruturais
mais do que de estímulos: "Assim que pusermos a casa em ordem, a reação
será positiva", defendeu. Em março, novas regras para a obtenção do
seguro-desemprego passam a valer e podem restringir o acesso de mais de 2
milhões de trabalhadores, segundo cálculo do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE).
O jornal ainda destaca que há dúvidas se o ministro da Fazenda receberá
apoio inequívoco da presidente Dilma Rousseff, conhecida por seu perfil
intervencionista. Levy rebateu a afirmação: "a presidente Dilma é uma
pessoa muito decidida e entende as escolhas. Ele acrescentou que "não
está sozinho no governo."
Zona do euro. Em outra entrevista, à agência Dow Jones, o ministro
afirmou que o movimento do Banco Central Europeu (BCE) para iniciar um
programa de relaxamento quantitativo pode estimular o investimento no
Brasil e aumentar a demanda por exportações brasileiras.
Levy minimizou qualquer impacto da recente desaceleração do crescimento
na China. "O que está acontecendo na China era perfeitamente esperado",
disse. Segundo o ministro, o crescimento do Brasil será "quase estável"
em 2015, em meio a uma série de aumentos de impostos e cortes de gastos
no País, bem como em razão da expansão global mais lenta. "Nós temos de
lidar com questões de curto prazo sobre investimento", disse Levy. "Há
várias coisas que precisam ser feitas no Brasil."
Energia. O apagão no Brasil na segunda-feira, 19, levantou receios de
que o País esteja sob risco de um racionamento de eletricidade enquanto
lida com uma seca severa. Levy afirmou que ficará mais claro em um mês
se haverá necessidade de um racionamento de eletricidade, depois do pico
do verão.