O esquema de intermediação de propinas a agentes da Petrobrás ou de suas subsidiárias ainda persiste, avalia a Justiça. Ao decretar a prisão do lobista Mário Frederico Mendonça Goes, apontado como operador do ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, o juiz federal Sérgio Fernando Moro advertiu que nem mesmo a deflagração da Operação Lava Jato “dissuadiu” a corrupção na petrolífera.
“Em especial, perturba este Juízo a existência de provas de que Mario Goes, na intermediação de propinas, teria atuado para Pedro Barusco (delator da Lava Jato) e Renato Duque no passado e persistiria atuando, na intermediação de propinas periódicas, agora da Arxo para a Petrobrás Distribuidora, de 2012 até pelo menos o final de 2014″, destaca o magistrado.
A BR Distribuidora é uma subsidiária da Petrobrás.
Mário Goes é procurado pela Polícia Federal, que lhe atribui papel central na Operação My Way. Deflagrada nesta quinta feira, 5, a My Way é mais um passo da Lava Jato e mira, agora, negócios e pagamentos suspeitos de empresas com relações na BR Distribuidora.
Sérgio Fernando Moro é o juiz que conduz todas as ações penais da Lava Jato sobre fraudes em licitações, cartelização das maiores empreiteiras do País e corrupção na Petrobrás.
Em seu despacho, o juiz anota que restou “constatado que persiste, em novos esquemas, a intermediação de propinas a agentes da estatal ou de suas subsidiárias”.
Mario Goes, segundo o Ministério Público Federal, teria o mesmo papel do doleiro Alberto Youssef e do lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, operador do PMDB na Petrobrás – Youssef e Baiano estão presos.
“Um intermediador profissional do pagamento de propinas por empresas privadas a dirigentes ou empregados da Petrobrás”, assim é rotulado Mario Goes pela força tarefa da Lava Jato.
Goes teria atuado para Renato Duque e também para Pedro Barusco, ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços, que fez delação premiada e apontou o universo de desvios na companhia.
“Também perturbadora a informação da negociação recente de pagamento de propina em contrato da Petrobrás Aviation com a Arxo, aparentemente ainda em curso de pagamento”, assinala o juiz federal.
Pedro Barusco, o delator, afirmou que parte da propina no âmbito da Diretoria de Serviços da Petrobrás teria sido paga através de contas secretas controladas por Mario Goes no exterior.
Para o juiz Moro, “os fatos revelam não só a antiguidade, mas também a duração prolongada e a atualidade do esquema criminoso, ainda que agora em subsidiárias da Petrobrás (Petrobrás Distribuidora e Petrobrás Aviation), e autorizam a prisão cautelar (de Mario Goes) para prevenir crimes em andamento, além de reiteração delitiva.” (AE Via Diário do Poder)