
Na encíclica Rerum Novarum, publicada em 1891, época em que o
comunismo era apenas uma tese ainda distante um quarto de século de sua
primeira experiência na Revolução Russa (1917), o Papa Leão XIII,
referindo-se a esse modelo, escreveu: “Além da injustiça do seu sistema,
vêem-se bem todas as suas funestas conseqüências, a perturbação em
todas as classes da sociedade, uma odiosa e insuportável servidão para
todos os cidadãos, porta aberta a todas as invejas, a todos os
descontentamentos, a todas as discórdias; o talento e a habilidade
privados dos seus estímulos, e, como conseqüência necessária, as
riquezas estancadas na sua fonte; enfim, em lugar dessa igualdade tão
sonhada, a igualdade na nudez, na indigência e na miséria”. Foi profeta.
A história veio lhe dar inteira razão.
No entanto, se as previsões do sábio pontífice foram confirmadas e
pouca gente esclarecida rejeita suas afirmações sobre a ineficácia do
sistema comunista, tem passado meio despercebida a relação cuja
existência ele identificou entre o comunismo e a inveja.
A inveja nasce da comparação e se afirma como um sentimento
duplamente negativo: a alegria pelo mal alheio e a tristeza pelo bem
alheio. Os moralistas (entendidos aqui como estudiosos das questões
relativas à moral) afirmam que o invejoso é a principal vítima desse
sentimento. De fato, a inveja mata. Ela é um canhão que dispara para
frente e para trás. No entanto, quando força motriz de um modelo
político, ela se torna genocida e pode se voltar para a extinção de uma
raça, de uma classe social ou de uma nação inteira. Como só gera
miséria, o comunismo é movido a inveja.
É a inveja que tem sido vista, por exemplo, nas ruas de Paris. Nas
ações da Jihad islâmica. Foi a inveja que explodiu as Torres Gêmeas. É a
inveja que não consegue esconder a alegria perante tais fatos. Foi a
inveja que deu causa ao holocausto. É a inveja que faz com que todo
esquerdista nutra ódio mortal pelos Estados Unidos. Eles não podem
conviver com tamanha evidência dos equívocos em que se afundaram. O ódio
que têm não guarda relação com humanismo e anseios de paz. Estiveram
calados durante a Primavera de Praga, durante a invasão comunista do
Tibet e assistiram desolados a queda do Muro de Berlim, apoiam a
ditadura dos Castro, apoiaram Chávez e agora apoiam Maduro.
Uma emissora de TV exibiu, há aguns anos, reportagem feita com jovens
da periferia de Paris protagonistas de arruaças. Um deles levou a
repórter para ver onde vivia. Era um edifício popular, muito melhor do
que as moradias de qualquer favela brasileira. Sem muito que dizer, a
moça disparou: “Já se nota o contraste entre isto aqui e os palácios de
Paris”. Acho que ela queria levar a rapaziada para Versailles. Enquanto
isso, seu revolucionário guia apontava as más condições do prédio:
paredes tomadas por pixações, a sinalizarem o caráter pouco civilizado
dos moradores, e um balde, no meio da sala, marcando a existência de uma
goteira, como se fosse dever do governo francês subir no telhado para
reparar tão complexo problema. No fundo, é tudo inveja e a América
Latina está sendo vítima de governos comunistas que chegam ao poder
porque sabem, muito bem, promover esse terrível sentimento.
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