Relatório mais recente do Departamento de Estado levantou preocupações sobre as práticas contrárias aos direitos humanos na ilha
Participante do grupo de oposição Damas de Branco é presa durante uma manifestação para comemorar o Dia dos Direitos Humanos no centro de Havana, em 10 de dezembro de 2014 (ADALBERTO ROQUE/AFP/Getty Images)
No final de 2014, o presidente Obama iniciou um processo de aproximação com Cuba, após pressões de governos e entidades que simpatizam com os ideais castristas. Contudo, parece que os Castro estão presos às práticas antigas de sua filosofia, que proíbem o contraditório.
Legisladores norte-americanos questionam se engajamento do país para reatar laços com Cuba pode vir a se tornar um problema.
Em uma audiência no Senado na quarta-feira (20), na véspera da próxima rodada de negociações EUA-Cuba, o senador Bob Menendez disse que as relações eram na verdade um noivado “unilateral”.
“Eu não sei o que temos obtido em troca. Não temos obtido nada em troca”, disse o senador.
“Mas os cubanos ficaram muito a dever”, acrescentou, dizendo que se essa foi a forma de negociação esperada pelos Estados Unidos, então o país tem um “problema real” em suas mãos.
Entre outras coisas, Menendez citou seguidos relatos de violações dos direitos humanos em Cuba. Ele disse que os abusos “continuam inabaláveis com mais de 1.600 novos casos de prisões políticas e arbitrárias só esse ano.
“O presidente Obama pode ter estendido a mão mas os Castro mantêm seus punhos fechados”, disse Menendez.
Em depoimento perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado, funcionários do Departamento de Estado reconheceram que ainda há trabalho a ser feito, mesmo que os EUA persigam relações diplomáticas normalizadas com Cuba.
“Diferenças significativas permanecem entre os nossos dois governos“, disse Roberta Jacobson, a secretária de Estado adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental.
“Embora certo progresso tenha sido feito em nossos esforços para restabelecer relações diplomáticas, não avançamos muito”, acrescentou ela.
Na quinta-feira (28), Jacobson vai liderar a delegação dos EUA em uma quarta rodada de conversações com Cuba sobre restauração de relações. A Delegação de Cuba será liderada por Josefina Vidal do Ministério das Relações Exteriores cubano.
As conversações em Washington vão se concentrar em parte sobre os passos necessários para reabrir as embaixadas.
No início da semana passada, o Ministério das Relações Exteriores, por meio do vice-diretor Gustavo Machin, disse que este poderia ser o “último” round de negociações antes da abertura de embaixadas.
Em audiência no Congresso na quarta-feira (20), o senador Ben Cardin questionou se uma normalização das relações, abertura de embaixadas etc., poderia resultar em uma perda da força dos EUA no enfrentamento dos abusos de direitos humanos em Cuba.
Ele citou preocupações levantadas sobre Cuba no relatório mais recente do Departamento de Estado sobre as práticas contrárias aos direitos humanos, incluindo detenções arbitrárias, negações de julgamentos justos e restrições à liberdade de expressão, imprensa e Internet.
Originalmente publicada em: Revista Sociedade Militar