Felipe González afirmou o responsável pela catástrofe que vive o país, em termos de segurança, econômicos e sociais, é Maduro
O ex-primeiro-ministro espanhol Felipe Gonzalez (E) fala com a esposa do líder da oposição venezuelana preso Leopoldo Lopez, Lilian Tintori (D), durante uma conferência de imprensa em Caracas, em 08 de junho de 2015 (Federico Parra / AFP / Getty Images)
De volta à Espanha, após testemunhar o autoritarismo do governo bolivariano de Nicolás Maduro, o ex-primeiro-ministro Felipe González afirmou na quinta-feira (11) que a “Venezuela é um país em processo de destruição”. “O responsável pela catástrofe que vive o país, em termos de segurança, econômicos e sociais, é Maduro”, disse o político. González havia desembarcado em Caracas no domingo, mas foi obrigado a deixar a Venezuela na terça-feira após Maduro ignorar todos os seus pedidos para amparar judicialmente os opositores presos por razões políticas.
O ex-premiê não obteve as autorizações para assessorar os advogados que defendem os réus, assistir ao julgamento como um civil e nem para visitar os opositores na prisão. González, no entanto, declarou que voltará em breve ao país “para articular a defesa jurídica dos opositores de acordo com os pactos internacionais que a Venezuela é obrigada a seguir”.
Para o ex-premiê, a rejeição aos desmandos do mandatário bolivariano é tamanha que os principais aliados venezuelanos começarão a abandoná-lo de forma gradativa, incluindo o regime comunista de Cuba. “A situação venezuelana e a atuação de Maduro são mais um estorvo para o ditador Raúl Castro do que uma ajuda”, disse González. Antes mesmo de planejar a viagem à Venezuela, González foi obrigado a ouvir desaforos de Maduro e de sua base aliada.
Em abril, a Assembleia Nacional do país emitiu um decreto que declarava o ex-premiê “persona non grata”. Logo após a confirmação de que o político havia deixado Caracas, Maduro recorreu a uma rede de televisão para dizer que o ex-premiê havia “fugido”. Ele também cobrou explicações da Colômbia, que forneceu um avião das Forças Aéreas para transportar o político para Bogotá, mas foi ignorado pelo presidente Juan Manuel Santos.
O ex-prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, encerrou nesta quinta-feira a greve de fome que já durava quase vinte dias. Tanto Ceballos quanto o chefe do partido opositor Vontade Popular, Leopoldo López, protestam contra as práticas repressivas do governo de Maduro. Segundo Patricia de Ceballos, mulher do político e atual prefeita de San Cristóbal, o opositor comunicou a decisão através de uma chamada telefônica.
Por meio de seu Twitter, Patricia disse que o ex-prefeito está recebendo um soro intravenoso para se recuperar do longo período sem ingerir alimentos. Os advogados de Ceballos haviam dito recentemente que ele tinha perdido dez quilos e só conseguia se locomover em uma cadeira de rodas. Ainda não está claro se López também interrompeu a greve de fome.
Originalmente publicada em: Vide Versus