A elevação da taxa de juros pelo Banco Central brasileiro anunciada na noite de quarta-feira (29) já repercute nesta quinta-feira (30) na Europa. O jornal francês Le Figaro diz, no título de um artigo, que o aumento dos juros indicam que Brasil está “afundando ainda mais na crise”.
A elevação é a sétima consecutiva do índice, que chegou a 14,25%, o maior número em nove anos. O Figaro classifica a situação como um “círculo vicioso”, já que tem como objetivo conter a inflação, que se aproxima perigosamente dos 9% e começa “a corroer o poder de compra dos pobres e da classe média”.
Ao elevar a taxa pela sétima vez, o Banco Central dá um sinal “desastroso” para o investimento e para o consumo, nas palavras de Juan Carlos Rodado, economista do banco Natixis ouvido pelo jornal. O Figaro também lembra que a previsão do FMI é de encolhimento de 1,5% do PIB neste ano.
Já a agência de classificação de risco Standard & Poor’s é mais pessimista, apontando -2% – o que seria a pior recessão em 25 anos. O Natixis aposta também em um segundo ano de recessão em 2016.
Grau de investimento
O jornal conservador também aposta que o Brasil está prestes a ter o seu grau de investimento rebaixado pelas agências de notação. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, “um liberal que tinha como missão reduzir o déficit do governo que atinge 6% do PIB”, segundo o Figaro, apenas retirou a subvenção aos preços fixos da energia elétrica do que combustível, “fazendo disparar a inflação”.
Como solução a médio prazo, o diário recomenda que o país tente se recuperar através das exportações – embora a China esteja desacelerando a compra de commodities, justamente o que garantiu a pujança econômica brasileira na última década. Para isso, precisa antes de tudo sanar as contas públicas“.
FONTE: BRASIL RFI