O ministro Luiz Edson Fachin, relator no Supremo Tribunal Federal (STF) das ações do PCdoB contra o rito do impeachment, mal havia terminado de ler o seu voto, que derrotou de modo acachapante as teses do governo – e de quebra a Procuradoria-Geral da República (PGR), e Rodrigo Janot, hoje verdadeiro articulador político do governo Dilma, veio a público com uma bomba: protocolou no STF o pedido de afastamento de Eduardo Cunha da Presidência da Câmara. Para o colunista Reinaldo Azevedo, isso é parte da operação “Fica Dilma”, na qual Janot está engajado de corpo e alma.
A motivação de Janot, em linhas gerais, é simples: Cunha “vem utilizando o cargo em interesse próprio e ilícito unicamente para evitar que as investigações contra ele continuem e cheguem ao esclarecimento de suas condutas, bem como para reiterar nas práticas delitivas”. Na ação, de 190 páginas, movida pela PGR, Janot aponta nada menos de 11 atos que demonstrariam esse uso indevido do cargo. São eles:
1 – Eduardo Cunha valeu-se de estrutura da Câmara para cobrar informações sobre o grupo Mitsui, forma encontrada para cobrar propina de US$ 5 milhões;
2 – o deputado se valeu do seu cargo para ajudar a extorquir o grupo Schahin;
3 – Cunha usou sua posição para pressionar a advogada Beatriz Catta Preta, que cuidava da delação premiada de nada menos de nove acusados;
4 – o presidente da Câmara teria contratado a empresa de investigação Kroll não para apurar crimes contra a Petrobras, mas para procurar elementos contra pessoas que fizeram delação premiada;
5 – utilizou a CPI da Petrobras para, mais uma vez, pressionar o grupo Schahin e familiares de Alberto Youssef;
6 – estaria tentando criar empecilhos para afastar a aplicação da lei penal. A PGR cita como exemplo proposta de aliado de Cunha para impedir um delator premiado de mudar a sua versão;
7 – Cunha estaria usando cargo para retaliar deputados que se mobilizam contra ele; são citados os casos de Chico Alencar e de Jean Wyllys;
8 – uso do cargo para obter vantagens ilícitas: é citado o caso do BTG. Cunha teria recebido dinheiro do banco para fazer uma emenda a uma MP que seria do interesse da instituição financeira;
9 – obstrução dos trabalhos do Conselho de Ética;
10 – pessoas ligadas a Cunha teriam feito ameaças a Fausto Pinato, o antigo relator do processo no Conselho de Ética;
11 – novas ameaças a Fausto Pinato.