"Algumas figuras ou formatos nas roupa das mulheres podem se parecer muito com uma cruz, dependendo de quem está olhando para elas", acrescentou uma fonte que confirmou a informação sobre o decreto.
Ditador norte-coreano, Kim Jong Un
A Coreia do Norte não só acusou o governo Estados Unidos de declarar guerra após a última rodada de sanções econômicas contra Kim Jong Un, mas o regime também proibiu todas as importações de produtos que se assemelhem a uma cruz, como grampos de cabelo e gravatas.
O diretor-geral do departamento de assuntos norte-americanos no Ministério das Relações Exteriores da Coréia do Norte, O Han Song Ryol disse à Associated Press nesta quinta-feira (28), que o governo dos EUA "cruzou a linha vermelha", ao punir diretamente o ditador Kim.
"O governo Obama foi tão longe que se atreveu a contestar a suprema dignidade da República Democrática da Coreia (RPDC), para se livrar de sua posição desfavorável durante o confronto político e militar com a Coreia do Norte", disse Han, argumentando que colocar Kim na lista sanções criou condições para uma guerra.
"Os Estados Unidos têm cruzado a linha vermelha para o nosso confronto", acrescentou o representante norte-coreano. "Consideramos este triplamente amaldiçoado como uma declaração de guerra".
A agência Associated Press observou que, embora a Coreia do Norte tenha enfrentado inúmeras sanções no passado, as sanções de julho foram pela primeira vez contra o próprio ditador Kim Jong Un, que foi colocado na lista de pessoas sancionadas por várias violações dos direitos humanos, documentadas pela Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Repressão
Em paralelo a esta tensão entre os governos da Coreia do Norte e dos Estados Unidos, a Radio 'Free Asia' (RFA) informou nesta semana que os guardas das fronteiras norte-coreanas têm recebido ordens para barrar todas as importações estrangeiras que mostrassem qualquer semelhança com uma cruz.
Uma fonte anônima da RFA coreana disse que o decreto para confiscar os produtos é um nova forma de repressão do país.
"Nós sempre tivemos que nos certificar de que não havia caracteres coreanos nos rótulos dos produtos que eram trazidos da China", disse a fonte. "Agora temos que verificar novamente para ver que não há nada que se pareça com uma cruz".
A fonte disse que tais marcas (semelhanças) nem sempre são óbvias e às vezes podem ser apenas uma coincidência.
"Algumas figuras ou formatos nas roupa das mulheres podem se parecer muito com uma cruz, dependendo de quem está olhando para elas. Projetos transversais também aparecem em grampos das mulheres e faixas de cabelo ou em gravatas dos homens", acrescentou.
"Estes produtos são mais propensos a serem confiscados quando passam pelas alfândegas".
Pelo o 14º ano consecutivo, a Coreia do Norte foi listada como o primeiro país da lista de locais onde os cristãos sofrem mais perseguição religiosa. A lista é atualizada anualmente pela missão Portas Abertas, nomeando o país como o maior perseguidor dos cristãos em todo o mundo.
O CEO da Missão Portas Abertas, David Curry disse ao 'Christian Post', em uma entrevista no mês de janeiro, que mais de 70.000 cristãos foram presos por causa de sua fé em 2015. Execuções de cristãos também aconteceram, devido à intolerância religiosa, embora os números oficiais sejam difíceis de apurar.
Há uma proibição total do Cristianismo sob o regime de Kim. Professar sua fé ou simplesmente possuir uma Bíblia pode ser considerado um crime, passível de punição com prisão ou algo pior.
"Repassar informações da Coreia do Norte para fora é notoriamente difícil. Isso é o que torna o fato da Coreia do Norte ser o primeiro país da lista da Portas Abertas, algo ainda mais surpreendente. Nós nem sequer sabemos quantos cristãos já foram martirizados na Coreia do Norte", disse Curry CP naquela época.
"No entanto, o país se mantém no topo. Isso é porque ele usa todos os poderes de seu governo para suprimir a fé cristã, para punir até mesmo a mais básico das coisas, tais como possuir uma Bíblia".