Autor: Robson Merola de Campos
Nº 2
Carlos Argemiro Camargo, 27/03/1965, Sargento do Exército Brasileiro
Em 1965 Leonel Brizola já estava no exílio no Uruguai, mas não inativo. Planejava ações armadas no território brasileiro visando desestabilizar o regime. Para isso, utilizou-se do ex-Coronel Jeferson Cardin de Alencar Osório. A ideia era dar início a um movimento armado quando da passagem do primeiro aniversário da Revolução de 31/03/1964, que começaria pelas cidades de Porto Alegre, Bagé e Santa Maria.
Como preparativo para essas ações, o grupo do ex-Coronel Cardin, formado por cerca de vinte guerrilheiros assaltou as unidades da Brigada Militar de Tenente Portela e Três Passos no Rio Grande do Sul e da Polícia Militar de Itapiranga em Santa Catarina, apoderando-se do armamento e munição ali existentes. Em Três Passos o grupo utilizou-se da emissora local para divulgar um comunicado radiofônico conclamando os soldados e cabos da Brigada Militar e do Exército Brasileiro a se rebelarem contra o governo federal pela força das armas. Após a ação, os assaltantes roubaram um caminhão "Mercedes-Benz", amarelo, placas Rio Grande do Sul 13-93-67 e seguiram pelo eixo rodoviário Três Passos-Tenente Portela-Frederico Westephalen (no Rio Grande do Sul). Entraram no Estado de Santa Catarina e na direção de Barracão, no Estado do Paraná, prosseguiram para Capanema-Cascavel no referido Estado. A 50 quilômetros ao sul desta ultima localidade, foram cercados por tropas federais. Segundo relatos dos jornais da época, a idéia do grupo guerrilheiro era se deslocar para Foz do Iguaçu, onde ocorreria a inauguração da Ponte Internacional, e onde já estava presente desde as 19 horas do dia 26/03/1965 o então Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco.
No embate que se seguiu, morreu o Sargento Carlos Argemiro Camargo, da 1ª Companhia do 13º Regimento de Infantaria. Os jornais da época divulgaram duas versões sobre como o militar fora morto. Segundo a Folha de S. Paulo, o Sargento Carlos Argemiro foi alvejado por três disparos feitos pelo ex-Coronel Jeferson com uma pistola .45: duas munições se alojaram na perna e uma no peito do Sargento Argemiro. Já o Jornal do Brasil informou que o ex-Coronel Jeferson estava na estrada de metralhadora em punho tentando conseguir outro caminhão para o seu grupo. O primeiro veículo que avistou foi justamente o caminhão onde estava um grupo do 13º Regimento de Infantaria. O ex-Coronel Jeferson tentou disparar contra o veículo, mas sua metralhadora falhou. Nesse momento, o ex-Sargento Alberi Vieira dos Santos, integrante do grupo guerrilheiro, metralhou o veículo ferindo mortalmente o Sargento Argemiro.
Cinco guerrilheiros foram capturados logo após o combate, inclusive o ex-Coronel Jeferson Cardin, que confessou todo o plano de Leonel Brizola às autoridades após três horas de interrogatório no 1º Batalhão de Fronteira de Foz do Iguaçu - PR. Os demais fugiram do local e passaram a assaltar casas de colonos roubando roupas civis e mantimentos. Outros nove guerrilheiros foram presos nos dias seguintes, sendo que a ajuda da população local, principalmente do meio rural, fora fundamental para as prisões.
Posteriormente, o ex-Coronel Jeferson Cardin foi condenado pela Justiça Militar, mas fugiu da prisão do Quartel do 5º Regimento de Obuses, no Bairro do Boqueirão, em Curitiba, ficando por três meses escondido na Embaixada Mexicana no Rio de Janeiro e viajou sob grande sigilo para o auto-exílio no México em 18/09/1968.
Carlos Argemiro Camargo nasceu em Ponta Grossa, PR, em 15/04/1938, filho de Rômulo Camargo e Leondrina Rodrigues. Quando morreu, em 27/03/1965, no cumprimento de sua missão, era casado com Maria da Penha Correia Camargo e pai de Carlos Argemiro de Camargo Júnior. Após seu óbito, foi promovido ao Posto de 2º Tenente, recebendo a Medalha do Pacificador com Palma. Recebeu ainda homenagens de diversas cidades, principalmente no Sul do Brasil, que deram seu nome a diversos logradouros públicos. A Turma de 1978 da Escola de Sargento das Armas localizada em Três Corações – MG escolheu o Sargento Argemiro como seu Patrono.
Autoria: FALN – Forças Armadas de Libertação Nacional, comandada pelo ex-Coronel Jerferson Cardim de Alencar Osório.
Fontes: Folha de S. Paulo, edições de 27,28 e 29 de março de 1965; Jornal do Brasil, 19/09/1968, edição 139, 1º Caderno, página 3 e edição 00073, de 30/03/1965, 1º caderno, página 10; Última Hora, edição 4721, de 27/03/1965; Correio da Manhã, edição 23.143 de 19/09/1968; Diário do Paraná, edição 7071, de 16/12/1978, página 4, 2º Caderno.