Agostinho Ferreira Lima, 10/01/1968, marinheiro
Oito
Em 06/12/1967 um grupo de nove guerrilheiros sob a chefia do venezuelano Ricardo Alberto Aguado Gomez fretou uma pequena embarcação da Marinha Mercante do Brasil denominada “Antônio Alberto”. A finalidade da operação era adquirir armas e insumos para a fabricação de coquetéis “Molotov” e instalar um foco de guerrilha na Amazônia. Durante o percurso, pelo Rio Negro, a tripulação começou a desconfiar das intenções do estranho grupo. Ao perceber a desconfiança, o líder do grupo que era conhecido como “Dr. Ramon” (que mais tarde ingressaria na ALN - Ação Libertadora Nacional), resolveu assassinar os tripulantes do barco. Apenas Agostinho Ferreira Lima foi ferido gravemente; os demais tripulantes se salvaram mergulhando nas águas do Rio Negro. Acreditando ter matado Agostinho, o grupo guerrilheiro jogou seu corpo no rio. Entretanto, o maquinista do “Antônio Alberto” foi resgatado com vida, vindo a falecer em virtude dos ferimentos, no dia 10/01/1968.
No seu interrogatório ocorrido em janeiro de 1968 na sede do Comando Militar da Amazônia, “Dr. Ramon”, na presença da imprensa comportou-se naturalmente, respondendo a todas as questões em castelhano, e não demonstrando surpresa ou arrependimento em qualquer momento. Revelou que a idéia do grupo era utilizar coquetéis “Molotov” em Manaus para começar ali um foco de revolução armada para derrubar o regime.
Agostinho Ferreira Lima era maquinista da Lancha Antônio Alberto. Foi morto em 10/01/1968. Os jornais da época pesquisados não divulgaram outras informações sobre a vítima.
Autoria: Um grupo de nove guerrilheiros, liderado por Ricardo Alberto Aguado Gomez (autor dos disparos), venezuelano, que integrou posteriormente a ALN – Aliança Libertadora Nacional.
Fontes: Diário de Pernambuco, edição 00010 de 14/01/1968, 3º caderno, página 5; Jornal do Brasil, edição 00238 de 10/01/1968, 1º caderno, página 15; Correio da Manhã, edição 23097 de 27/07/1968, 1º caderno, página 10.
Esclarecimento do autor: este artigo integra uma série intitulada “Os Mortos Que o Brasil Não Chora” e é resultado de minuciosa pesquisa em jornais, revistas e periódicos publicados na época em que os fatos aconteceram. São aproximadamente 120 vítimas. Alguns eram integrantes de Forças de Segurança, outros civis – alguns sem qualquer conexão com um ou outro lado – e os demais eram membros da esquerda que foram “justiçados” (executados) por seus próprios companheiros. A cada publicação contarei a história de um episódio ou de uma vítima. Procurei obedecer a ordem cronológica dos acontecimentos. Todos os artigos já publicados estão disponíveis no site do grupo Ternuma (
www.ternuma.com.br) e na página pessoal do autor no Facebook (
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