Antes de iniciar esta pequena revisão da Doutrina Espírita e evidenciar um esclarecimento melhor daquilo que muitos desconhecem, mas ama opinar, este que vos escreve é Espírita. Não entrarei em méritos profundos a respeito desta religião específica, mas ao mesmo tempo colocarei pontos que necessitam de uma análise profunda de cada leitor.
Primeiro é preciso lembrar-vos de que o início das obras de Karl Marx utiliza um percussor – supostamente histórico – de que as “religiões são o ópio do povo”. No mesmo tempo em que Karl Marx publicava o “Manifesto Comunista” em 1848, Allan Kardec também publicava seu 6° livro: “Catecismo Gramatical da Língua Francesa”. Já evidenciando uma diferença enorme de conteúdos, podemos colocar também de que Allan Kardec, antes de conhecer e estudar o Espiritismo, foi professor que trouxe diversas obras didáticas como em 1824: “Curso prático e teórico de Aritmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família, com modificações – 2 tomos” e em 1828: “Plano Proposto Para a Melhoria da Instrução Pública” (este, coroado em Academia Real de Arras).
Vemos, portanto, de que Allan Kardec nunca fez suas obras através de motivos chulos e com objetivos perversos, diferentemente de Karl Marx. Além do mais, quando olhamos para a história do Espiritismo, vemos que Kardec usou parte de sua vida para ajudar as crianças e os mais pobres, dando-lhes abrigo e educação.
Segundo, é preciso lembrar-vos também de que a obra de Karl Marx vem do pressuposto do ateísmo. E, como podemos esclarecer sem nenhum medo, Allan Kardec acreditava em Deus:
“4. Onde podemos encontrar a prova da existência de Deus? — Num axioma que aplicais às vossas ciências: não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e vossa razão vos responderá. Comentário de Kardec: Para crer em Deus é suficiente lançar os olhos às obras da criação. O universo existe; ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.” (KARDEC, Allan. in Livro dos Espíritos, França, ed. 1857).
Ainda nesse contexto, o Imperador da França, Napoleão III (católico) que, ganhando a simpatia de conservadores contra os socialistas da época, abriu portas para que Kardec pudesse publicar seus livros na França livremente e, tentar adequar suas metodologias de ensino Cristão em uma nova instituição. (A instituição não foi construída, pois houve problemas financeiros na vida de Kardec).
Adentrando a doutrina espírita, vemos também de que existe uma grande incoerência daquele que se diz “comunista”, “revolucionário”, quando ao mesmo tempo se encarrega de ser Espírita. Quando analisamos o espiritismo, é evidente de que nossa doutrina se encarrega do mais puro individualismo espiritual que, alça a evolução do ser. A Doutrina Espírita implica na evolução espiritual do ser, na gratidão, no amor, na caridade. Já o comunismo – ou a ideologia esquerdista – pretende realçar a coletividade, para fazer a revolução – que o próprio Marx assinala: poderá ser sangrenta.
Outro ponto importantíssimo se trata da propriedade que, encarado no espiritismo, a propriedade privada, como realce do indivíduo, defende-a como direito básico do ser humano. O espiritismo exclui a ideologia Liberal e Comunista, afinal o indivíduo, o ser humano, não é tratado como uma propriedade de si mesmo ou como uma propriedade coletiva: Ele é, essencialmente, um ser humano. Ele se encarrega de ser um indivíduo autônomo, e não um proprietário. Automaticamente, excluindo tais ideologias, o espiritismo adentra a moral cristã, a única capaz de realçar o indivíduo como tal, para amar seus semelhantes.
E por último, mas não menos importante, o objetivo dos revolucionários é fazer o papel de Deus. Estes concebem a realidade de uma forma completamente diferente dos seres humanos normais. O sentido de “Temporalidade”, sendo uma sucessão de possibilidades que ocorrem até certo ponto e o encaixe do mesmo nas possibilidades subsequentes, simplesmente desmonta todo o processo mental revolucionário: Se não há precedentes na Ordem como as coisas se apresentam, a idéia de uma sociedade perfeita uma vez constituída, não impede de que essa sociedade deixe de ser perfeita.
Mas, na mente revolucionária, o mundo ordenado permanecerá ordenado por conta de ações humanas. Uma vez dito isso, é percebível de que o discurso visa uma passagem do Tempo para outro nível de existência, tornando toda a concepção religiosa humana em apenas um capricho de construção social, sendo também a evidência de que essa mentalidade se contradiz com a realidade, afinal não se trata mais de uma temporalidade em aberto. É por fim, pré-definido pela sua própria perfeição. Logo, enxergando o tempo e a realidade de fora, como se fossem agentes da ação humana, fazem com que o processo da busca do comunismo se torne a busca da perfeição ao mesmo tempo em que produzem e ditam o que é a perfeição.
Na Doutrina Espírita, é concebido de que nenhum ser humano pode fazer papel de Deus. A realidade, e o mundo físico-temporal, se tratam de percepções que todos os indivíduos compreendem de uma só forma. A mentalidade revolucionária é relativista, a Doutrina Espírita é objetiva em seus conceitos e estudos. Ademais, quando os revolucionários enxergam a temporalidade de uma forma construtivista, se contradiz extremamente com a manifestação dos espíritos – assim colocado no livro “O Evangelho segundo o Espiritismo” – de que em vários locais do mundo, eles denotam a existência de um ser maior, regente e criador de nossa realidade, por meios da mediunidade.
A raiz da Doutrina Espírita e em toda a sua história e conceitos religiosos – juntamente com a moral cristã – nos mostra de que quem é Espírita não pode jamais ser ao mesmo tempo um comunista. É materialmente e moralmente inconcebível!
Fonte:http://www.oretrogrado.com.br/2016/07/05/por-que-espiritas-nao-podem-ser-comunistas/