Movimentos com influência da esquerda publicam cartas em repúdio à indicação do brilhante general reformado Peternelli (PSC)
Indígenas durante a CPI da Funai, em novembro passado
Poucos dias antes de ser afastada da presidência da República, a ex-terrorista Dilma Rousseff acelerou processos de reconhecimento e homologação de terras indígenas. A ação fazia parte de um pacote de acenos a movimentos historicamente ligados ao PT, dentre eles o indígena, para fazer uma reaproximação e garantir apoio durante seu afastamento após uma relação cheia de altos e baixos. Dias após assumir como ministro da Justiça do Governo interino, Alexandre Moraes disse à Folha de S. Paulo que iria rever “demarcações de terras indígenas que foram feitas, se não na correria, no apagar das luzes”. Foi a largada da tensão entre o Governo Temer e o movimento indígena, que chegou a um novo patamar, com as negociações para que um general reformado assuma a presidência da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Na semana passada, começou a ganhar força o nome de Roberto Sebastião Peternelli, do PSC, para o comando do principal órgão da política indigenista. A indicação foi feita pelo líder do Governo na Câmara, o deputado André Moura (PSC) com o apoio do senador Romero Jucá (PMDB) - que nega ter chancelado o nome.
Mesmo não tendo sido confirmada e oficializada, a indicação causou uma série de reações. A mais recente ocorreu nesta segunda-feira à tarde, quando servidores da Funai (esquerdistas) foram até o Ministério da Justiça protocolar uma carta de repúdio à indicação do general. "O General Peternelli representa também os interesses da bancada evangélica que, junto à bancada ruralista.
Enquanto entidades repudiavam possível nomeação e políticos negavam parte na indicação, o general Peternelli tentava construir pontes. Uma liderança indígena, que preferiu não se identificar, disse à reportagem que foi procurada pelo general, que entrou em contato pedindo uma reunião. A liderança afirma que não respondeu à mensagem de Peternelli e que o encontro não ocorreu.
Filiado ao PSC, Peternelli foi candidato a deputado federal nas últimas eleições. Em 2012, quando Dilma e Temer faziam uma viagem oficial, José Sarney assumiu interinamente a presidência e nomeou o general como secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
Militares na Funai
A Funai é presidida por Artur Nobre Mendes, que assumiu o cargo em substituição a João Pedro Gonçalves da Costa, exonerado no início de junho pelo Governo interino de Temer.