Em seu novo livro, o papa emérito Bento 16 revela que tomou conhecimento da existência de um "lobby gay" entre clérigos do Vaticano. Por outro lado, ele afirma ter conseguido "desfazer esse grupo poderoso".
Bento 16 fez raras aparições públicas desde que renunciou seu cargo em 28 de fevereiro de 2013. (Foto: Claudio Peri/EPA)
Em novo livro, o papa emérito Bento 16 fez revelações polêmicas sobre seu conturbado tempo na liderança da Igreja Católica, informou um jornal na última sexta-feira (1).
A obra intitulada “As Últimas Conversas” deve ser lançada no dia 9 de setembro, mas tomou forma em uma extensa entrevista com o jornalista alemão Peter Seewald — que também colaborou com publicações anteriores quando Bento 16 renunciou seu cargo.
O jornal italiano Corriere della Sera, que teve acesso ao livro e adquiriu os direitos para divulgar alguns trechos, publicou um longo artigo resumindo seus principais pontos.
Na publicação, Bento 16 revela que tomou conhecimento da existência de um "lobby gay" entre clérigos do Vaticano. O grupo, formado por quatro ou cinco homens que tinham sua sexualidade em comum, atuou para seus próprios fins em vez de trabalhar na causa dos cristãos gays. Bento afirma ter conseguido "desfazer esse grupo poderoso".
Em 2013, o Papa Francisco já havia admitido a existência de um lobby gay no Vaticano. A informação surgiu por notas que vazaram de uma conversa privada entre autoridades católicas na Conferência Latino-Americana de Religiosos (Clar), de acordo com o site The Guardian.
Segundo o site, o pontífice argentino disse que ao lado de um "povo santo" também havia "um fluxo de corrupção". O texto apresentava repetidas declarações de que existe um número significativo de clérigos homossexuais influentes dentro do Vaticano.
Bento também escreveu alguns acontecimentos em um diário durante seu pontificado, mas que pretende destruí-lo — embora saiba que os historiadores poderiam considerar seus escritos valiosos.
O papa emérito também revela como se sentiu “incrédulo" depois de sua eleição e ficou sem dormir por dias depois disso. Ele também admite que às vezes não tinha poder de decisão, de acordo com o Corriere.
Bento 16 fez raras aparições públicas desde que renunciou seu cargo em 28 de fevereiro de 2013, dizendo que não tinha mais forças físicas e psicológicas para continuar. Alguns meses depois, ele passou a residir em um antigo convento dentro do Vaticano, onde passa a maior parte de seu tempo orando, lendo ou escrevendo.