Dawa e jihad revelam ser duas faces da mesma moeda
Islamofobia, o islã político e a espiral de silêncio
Enquanto o Ocidente está preocupado com a luta contra ‘discurso de ódio’, ‘islamofobia’ e o debate sobre os privilégios dos brancos, parece cada vez mais disposto a ignorar o discurso de ódio dos muçulmanos e suas atitudes de desprezo em relação aos não-muçulmanos.
Este processo ocorre especialmente
no que se chama de dawa, a prática muçulmana de divulgação islâmica ou proselitismo, cujos resultados aparecem na mídia toda vez que há um ataque terrorista. Esta semana foi na cidade de Nova York, onde o terrorista Sayfullo Saipov nascido no Uzbequistão, atropelou dezenas de pessoas, fazendo 8 vítimas fatais. Como quase sempre acontece, parte da imprensa não associou as motivações para o terrorismo como o ideal religioso.
O prefeito nova-iorquino Bill de Blasio, um democrata, tentou rebater o pedido de Trump pela pena de morte para Saipov, afirmando que não era possível julgar todos os membros de uma religião pela atitude de uma única pessoa.
Em fevereiro, esteve em um comício onde reclamou do “estereótipo” dos islâmicos, dizendo que são pessoas pacíficas. “Hoje eu também sou um muçulmano”,
afirmou. De família italiana, Blasio vem de uma família católica, mas insiste no discurso de inclusão de seu partido, sem pensar nas consequências.
A maioria dos políticos e dos meios de comunicação no Ocidente veem o Islã apenas como uma religião, não como um sistema político que, seguindo a tradição milenar, visa impor suas próprias leis religiosas, a sharia, sobre todo o mundo.
A refugiada somali Ayaan Hirsi Ali que largou o islamismo e tornou-se uma crítica fervorosa da religião, teve sua cabeça colocada a prêmio por suas denúncias.
Em seu novo livro, The Challenge of Dawa: Political Islam as Ideology and Movement and How to Counter It [O desafio da Dawa: o Islã Político como Ideologia e Movimento e como desafiá-lo] ela explica: “Dawa não é o equivalente islâmico ao proselitismo religioso, embora seguidamente se disfarce como tal… Sim, inclui o proselitismo, mas vai muito além disso. Nos países ocidentais, dawa pretende converter os não-muçulmanos ao islamismo político e trazer visões mais extremas aos que já são muçulmanos. O objetivo final da dawa é destruir as instituições políticas de uma sociedade livre e substituí-los pela sharia”.
Na superfície, dawa, ou divulgação, parece ser uma atividade missionária benigna, que busca apenas a conversão dos não-muçulmanos. Prática legal nas sociedades ocidentais, faz parte da liberdade religiosa e nunca é criticada pela mídia nem pelo governo. Dawa geralmente atrai pouca atenção, exceto quando os líderes das organizações que a promovem de repente aparecem nas manchetes como jihadistas que buscam a radicalização dos seus membros.
A questão principal é que os que promovem a dawa estão obtendo um grande sucesso, algo que passa despercebido para a maioria da população. A análise de Ali vai mais fundo: “Durante a última década, grupos pró-Islã têm sido notavelmente bem-sucedidos em convencer as principais figuras públicas e jornalistas do Ocidente a pensar de uma maneira sistemática sobre a islamofobia ser um termo utilizado para provocar a desaprovação moral”.
Em nome do politicamente correto, passou a ser comum os jornais e a TV tratar a maioria das notícias que possam parecer negativas sobre o Islã de maneira impessoal. Não foi um terrorista que atirou contra infiéis enquanto gritava “Allah é grande”. O novo normal é dizer que houve um “tiroteio”. Não foi um jihadista que atropelou pessoas como forma de punir os incrédulos em nome do Islã, usando para isso um caminhão ou um carro, foi o “veículo” que matou pessoas.
Sendo assim, nota-se claramente que o islã político impôs sua agenda não só na mídia, mas também na política mundial. A Organização para a Cooperação Islâmica, formada por 56 Estados do Oriente Médio, África, Ásia e Europa, domina todos os órgãos da ONU – à excepção do Conselho de Segurança – pelo critério de representatividade. Acabou estabelecendo uma série de parâmetros impensáveis há algumas décadas, como a Arábia Saudita liderando o Conselho de Direitos Humanos.
O próprio termo “islamofobia”, da maneira como é usado hoje em dia, é
creditado a uma formulação adotada pela Organização para a Cooperação Islâmica. Era usado na Europa como variação de “xenofobia”, o medo de estrangeiros. Contudo, observando a grande conquista de direitos dos movimentos LGBT, que utilizavam o termo “homofobia” para calar seus críticos, os líderes do Instituto adaptaram a ideia. Quem conhece os preceitos do Islã sabe que há aqui uma grande ironia.
Seja como for, foi através de
documentos produzidos pelas Nações Unidas que essa ideia passou a ter grande aceitação, sendo incorporado ao vocabulário de grupos de esquerda – junto com multiculturalismo – para calar toda e qualquer crítica aos preceitos da religião fundada por Maomé.
Merece atenção especial o fato de que a partir do momento em que o Estado Islâmico começou a ganhar as manchetes, por volta de 2011, a questão da nomenclatura veio novamente à tona, com algumas empresas de mídia simplesmente se negando a citar o nome do grupo terrorista, preferindo os acrônimos ISIS, ISIL ou DAESH. A administração Obama, com seu discurso de “inclusão radical”
também contribuiu para essa abordagem midiática.
Ayaan Hirsi Ali sempre criticou o fato de as perseguições aos cristãos não receberem grande destaque na mídia. A ativista defende que existe uma “conspiração do silêncio” em relação ao assunto. “O medo da mídia de gerar mais violência e tentar acobertá-la vem da Organização de Cooperação Islâmica [espécie de Nações Unidas do Islã com sede na Arábia Saudita] e são os principais motivos do silêncio da imprensa”, explica.
Portanto, jihad e dawa acabam se revelando como duas faces da mesma moeda. Enquanto a jihad é a ponta do iceberg, a guerra santa travada abertamente contra os infiéis e que deixa atrás de si um rastro de sangue, a dawa parece ser uma atividade missionária benigna, que busca apenas a conversão dos não-muçulmanos.
Há quem lute somente contra o inimigo visível, o lobo solitário jihadista que promove atentados. A solução são penas mais rígidas para esse tipo de crime e um controle mais rigoroso das fronteiras. Enquanto o islã radical é visto como o único inimigo a ser combatido, o islã político passa incólume. Tenta se solidificar nas comunidades para depois ajudar a eleger representantes, como é possível fazer em todas as democracias.
Prática legal nas sociedades ocidentais, está associado à liberdade religiosa e dificilmente é criticada pela mídia nem pelo governo. A dawa geralmente atrai pouca atenção, exceto quando os líderes das organizações que a promovem de repente aparecem nas manchetes como jihadistas que buscam a radicalização dos seus membros.
Assista (O Islã Não é Uma Religião de Paz):