Onyx Lorenzoni diz que o “jogo que alguns órgãos de imprensa estão fazendo não vai dar certo”
A conhecida estratégia da imprensa para amplificar algumas questões e “enterrar” outras é bastante antiga. Visando influenciar a opinião pública, muitas vezes órgãos de imprensa se aproveitam de uma característica psicológica conhecida como “comportamento de manada”. Uma determinada informação ganha espaço em um veículo, os outros repercutem sem apurar devidamente, e o resultado final que surge uma espécie de monopólio da narrativa, seguida por (quase) todos indiscriminadamente.
Vejamos, por exemplo, a tentativa de assassinato do então candidato Jair Bolsonaro (PSL), em 6 de setembro. Não há uma cobrança contínua, com matérias de imprensa e televisão repetidas vezes divulgando resultados das investigações ou questionando o que estaria “por trás” do ato de Adélio Bispo. A espiral do silêncio sobre o assunto vais e perpetuando, numa vã tentativa de que a população simplesmente se esqueça disso.
Um caso mais recente desse jogo de empurra tem sido as indicações dos nomes para os ministérios do futuro governo. A imensa maioria dos escolhidos por Bolsonaro receberam críticas, foram questionados por “especialistas” e tiveram opiniões pessoais destacadas na tentativa de desacreditar suas conquistas passadas.
Quando da indicação dos nomes do ministro da Educação, parte da imprensa chegou a anunciar Mozart Neves Ramos, do Instituto Ayrton Senna, mas o escolhido foi o filósofo Ricardo Vélez Rodríguez. Mesmo assim, uma nota plantada aqui e uma opinião de blogueiro ali, criaram a impressão que teria sido uma “articulação” da bancada evangélica.
Curiosamente, Rodríguez sequer é evangélico. O presidente eleito chegou a dizer publicamente que jamais convidou Mozart. Poucos dias depois, a mesma “queda de braço” artificial é aventada em relação à escolha do ministro da Cidadania. Durante um encontro do pesselista com membros da bancada, foi pedido a sugestão de três nomes. A lista oferecida apontava para os deputados Marco Feliciano (Pode/SP), Gilberto Nascimento (PSC/SP) e Ronaldo Nogueira (PTB/RS).
Bolsonaro preferiu indicar Osmar Terra (MDB/RS), que além de não estar na lista também não é evangélico. Acolher ou não as sugestões era uma prerrogativa do presidente e a bancada sabe disso. A imprensa brasileira parece repetir a mesma estratégia, criando agora uma “guerra” entre a Frente Parlamentar Evangélica (FPE) e Jair Bolsonaro por conta disso e da não indicação de Magno Malta para um ministério.
O presidente já declarou que “não prometeu nada a ninguém” durante a campanha. Ademais, não se pode ignorar que o futuro ministro-chefe da Casa Civil, uma das principais funções no executivo, é membro da bancada evangélica.
Ao Gospel Prime, Onyx Lorenzoni desmentiu que haja essa suposta “guerra” da FPE com o presidente. “Há setores da imprensa brasileira que imediatamente após a vitória de Bolsonaro, iniciaram um terceiro turno eleitoral. Algumas pessoas não aceitam a decisão democrática do povo e é isso que a mídia quer. Mas foi a defesa de princípios e valores caros à população brasileira que resultaram na vitória de Bolsonaro. Essa é a razão da sintonia de Bolsonaro com a bancada: temos os mesmos princípios e valores.”
O coordenador da equipe de transição assegura que “Isso alguns órgãos de imprensa fazem esse jogo, tentando jogar uns contra os outros. Não vai dar certo, como não deu certo com a campanha de desconstrução da imagem do Jair durante todo o ano passado”. Para o político gaúcho “Quando as pessoas se unem em tornos dos mesmo princípios e valores, tendo como base a verdade que está em Joao 8:32, esse elo é indissolúvel. Continuamos parceiros da bancada evangélica”.
Já o presidente da FPE, pastor Takayama (PSC/PR), garante que “não existe nenhuma guerra entre nós e o presidente Bolsonaro! Ele tem total liberdade de escolha. O sucesso de sua administração é a vitória de um novo Brasil. Defendemos as mesmas bandeiras. Somos conservadores e cristãos, como 86,8 % dos brasileiros”.
“Não exigimos nada”
Tratar a possibilidade de Damares Alves ser a escolhida para o ministério dos Direitos Humanos, como uma espécie de ‘prêmio de consolação’ para o senador Magno Malta (PR/ES) – por ela trabalhar como sua assessora – é ignorar o longo currículo de atuação da advogada nessa área. Mesmo assim, parte da imprensa vem insistindo que o nome desagradaria aos evangélicos. Mais um factoide, pois ela vem recebendo apoio maciço do segmento.
Paulo Freire (PR/SP) faz uma leitura mais crítica. “A imprensa nunca foi favorável aos evangélicos e, com o fortalecimento da bancada, nos tornamos mais visados. O que a grande imprensa faz é uma jogada. Nunca gostaram nem de Bolsonaro e nem da bancada”. O deputado reeleito para seu terceiro mandato na Câmara Federal enfatiza que “o presidente Bolsonaro não está nos diminuindo. Ele escolhe quem julga ser melhor para os ministérios. Nosso relacionamento é o melhor possível. Não exigimos nada e queremos colaborar com ele pra mudarmos o Brasil”.
O deputado federal Gilberto Nascimento (PSC/SP), um dos que teve seu nome cogitado como “ministeriável” pela FPE, afirma estar absolutamente tranquilo. “O Brasil vive momentos difíceis e temos situações mais importantes para nos preocupar. O país está endividado, enfrenta uma alta taxa de desemprego, problemas sérios na infraestrutura e na segurança pública. Temos que nos preocupar é com isso. Não estamos focados em cargo de governo. O posicionamento da bancada é claro. Vamos continuar trabalhando nas pautas que sempre defendemos e naquilo que for bom para o Brasil.”
Por sua vez, Leonardo Quintão (MDB/MG), que está trabalhando com Onyx na articulação política do governo, ressalta que “a FPE já tem pessoas em lugares estratégicos no governo, como eu, que ajudarão o nosso presidente dentro da Câmara e do Senado. Se houver necessidade, temos membros altamente qualificados para ocupar qualquer espaço no governo, seja a nível de ministério ou outras áreas. A bancada apoia todos os bons projetos para o Brasil”.
*Reportagem adicional de Brasília: Lucinda Ulhoa