“Uma virgem conceberá e dará o nome a seu filho de Emanuel (Deus conosco)” (Is 7. 14).
Os estudiosos costumam classificar a nossa era de “pós - cristã”, ou seja, um período em que os fundamentos de nossa sociedade e de nossa cultura já não se reconhecem mais como cristãos. Outras filosofias, ideologias, religiões reclamam atenção, disputam espaço, exercem decisivamente influência sobre o estilo de vida, o comportamento, as relações pessoais e institucionais, bem como as tomadas de decisões mais essenciais da vida.
O cristianismo converteu-se em uma opção de um cardápio variado de visão do mundo e de sistema de valores.
Não raras vezes, inclusive, tão esvaziado de sentido e propósito, que é relegado à mais absoluta irrelevância e insignificância. Claro, este estado de coisas não pode ser simplesmente atribuído à força da cultura, da hostilidade do mundo, ou de qualquer outra tentativa de explicação que isente os cristãos e a Igreja de sua culpa. Nós mesmos temos dificuldade em cultivar nossas raízes e tradições. Nós mesmos abrimos mão de nossa identidade. Nós mesmos trocamos o “Feliz Natal” pelo mundano e insípido “Boas Festas”. Muitos de nós enfeitamos a casa com o Papai Noel, e trocamos cartões com frases de pensamentos positivos, autoajuda, líderes religiosos de outras confissões e etc. Muitas famílias cristãs se preparam para o Natal como quem programa um feriado prolongado, um tempo de descanso e de folga. Contam os dias e as horas para reduzirem a memória desta festa a uma reunião social de família, compras e etc.
O Natal pode ser uma grande oportunidade para anunciarmos a absoluta necessidade de se confessar a vinda de Cristo em nossa carne para salvar-nos do pecado e da morte, pois quem não confessa que Ele veio na carne já está condenado. Por isso um tempo de preparo espiritual se faz mais necessário hoje em dia que no passado. Temos a urgência em recuperar o sentido cristão do Natal, se quisermos anunciar a ‘Boa Nova’ da Encarnação com clareza para uma cultura que nem sabe exatamente o que comemora.
É aqui que entra o tempo do Advento. Não é um tempo especial ou mágico. Nada nestes dias é diferente do restante do ano. Mas é uma oportunidade que a pedagogia litúrgica nos concede para retornarmos às fontes primárias de nossa identidade cristã.
É como um caminho a ser percorrido até à fonte para entendermos e dar a entender porque nesta data convencional e cultural nós comemoramos o ‘Fato’ de nossa redenção iniciada na Encarnação do Filho de Deus.
Evitemos as falaciosas discórdias quanto à validade destes dias, antes, sejamos sábios e aproveitemos a ocasião para falar do Natal de nosso Senhor Jesus Cristo e anunciemos a plenos pulmões: “Quem tem o Filho, tem a vida eterna; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida” (1Jo 5.12).