Juiz do Rio de Janeiro também falou sobre STF e religiosidade.
Responsável por casos da Lava Jato no Rio de Janeiro e o nome mais forte para ocupar a vaga de “ministro evangélico” no Supremo Tribunal Federal (STF), o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, comentou os vazamentos ilegais das conversas envolvendo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Bretas afirmou em entrevista a BBC News Brasil que se as conversas foram obtidas de modo ilegal, então não devem ser consideradas, “é lixo”.
As questões “da ilegalidade e da veracidade” dos diálogos “ainda não estão superadas”. “Ou é legal ou é ilegal. Se é ilegal, é lixo”, afirma.
As mensagens foram obtidas através de um ataque hacker contra os celulares de pessoas envolvidas na força-tarefa da Lava Jato, incluindo o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, responsável pela operação.
Além disso, acredita-se que as mensagens podem ter sido adulteradas.
Marcelo Bretas não quis comentar o teor das mensagens vazadas atribuídas a Moro, mas afirmou que recebe frequentemente advogados ou procuradores para conversas individuais em sua sala e que “ninguém dá dicas”, afirma, sobre a conduta dos juízes.
O juiz ficou conhecido como o “Sergio Moro” do Rio, pois mandou prender figuras como o ex-governador Sérgio Cabral, o empresário Eike Batista e, em medida preventiva em março, o ex-presidente Michel Temer. Bretas considera a comparação um elogio.
Na entrevista, o magistrado também falou sobre a possibilidade de vir a ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para uma vaga no STF.
Ele diz que “ser lembrado numa hora dessa é honroso”. “O simples fato de ter sido lembrado já me deixa feliz, mas nada além disso”, comentou.
Quando questionado se é algo que gostaria, o juiz respondeu que ele e “todos os juízes do Brasil”, lembrando uma comparação feita pelo ministros do STF Luiz Fux, quando foi indicado pela então presidente Dilma Rousseff (PT), de que “todo soldado sonha em ser general”.
“É o topo da carreira, um sonho que todo mundo acalenta. Mas não tem nada que você possa fazer para acontecer, a não ser sonhar. Não existe campanha. Se quiser agradar um, vai desagradar outro”, comentou.
Marcelo Bretas também respondeu sobre suas manifestações de fé nas redes sociais, afirmando ser uma pessoa livre para expressar sua religiosidade.
“Aquilo ali é um ambiente pessoal, não tenho que dar satisfação. As pessoas pouco instruídas falam, “ah, o Estado é laico”. Mas estou no meu Twitter pessoal”, respondeu.
Sobre o fato de já ter mencionado a Bíblia em suas decisões, o juiz lembra que o livro é composto de uma parte histórica e outra religiosa.
“Mencionar um princípio, um texto inteligente dito por Salomão, ou por Davi, eu não acho ofensivo. Nunca disse que a vontade de Deus é esta ou aquela.”