
“Isso destrói as estatísticas usadas para políticas de gestão em saúde”, afirma médico.
Ambulância do SAMU. (Foto: Leon Rodrigues / Secom)
Os médicos que atuam nas dez ambulâncias de Suporte Avançado de Vida (SAV) do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e os do Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências (Grau) da capital paulista passarão a atestar mortes naturais, indefinidas e causadas pela Covid-19 ocorridas fora dos hospitais.
A nova função foi repassada aos profissionais em reuniões ocorridas nesta semana com a coordenação do serviço, após decreto 64.880 do governo de São Paulo e resolução da Secretaria Estadual da Saúde, segundo informa a Folha.
Quando assumirem a função, o Samu irá examinar o corpo e preencher uma autópsia verbal, o que poderá levar a um aumento de notificações de mortes por coronavírus, Covid-19, já que deverão colocar como causa da morte o mais provável, avalia um médico.
“Uma vez que o médico do Samu não fará uma autópsia completa, se for obrigado a emitir o atestado deverá colocar como causa da morte apenas o provável, o que pode levar tanto a uma supernotificação como a uma subnotificação de mortes pela Covid-19. De qualquer forma, ainda que se faça teste nos casos de morte possivelmente por coronavírus, as demais causas serão subnotificadas”, afirma o profissional que preferiu não se identificar.
O médico também avalia que “isso destrói as estatísticas usadas para políticas de gestão em saúde. Os falecimentos por infarto, derrame, aneurisma, etc serão classificados como causa indeterminada ou Covid-19.”
Para os profissionais de saúde que atuam nas ambulâncias, a nova função pode causar desassistência no atendimento mais graves, pois o Samu atua em um tempo muito curto para prestar socorro emergencial.