Por Isabel Braga e Júnia Gama
Governistas entraram em campo ontem na Câmara e no Senado, e conseguiram evitar a aprovação de requerimentos da oposição para ouvir Romeu Tuma Júnior, ex-secretário nacional de Justiça, e o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, sobre as denúncias de que havia no governo do PT "uma fábrica de dossiês".
Na Câmara, o debate foi adiado para a próxima semana na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle e na Comissão de Segurança. No Senado, a maioria governista rejeitou o convite para ouvir Tuma.
O líder do PT, Wellington Dias (PI), justificou a rejeição ao requerimento do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
— Se cada vez que alguém lançar um livro trouxermos para falar no Senado... É melhor parar e fazer o papel adequado dessa Casa. Sei que há o processo eleitoral, disputas políticas, mas faço apelo para retirarmos esse requerimento, não irmos por esse ca-niinho — disse o petista.
Álvaro Dias rebateu:
— Não vamos discutir literatura com o autor, mas a gravidade das denúncias formuladas. Ele publicizou denúncias da maior gravidade que revelam a existência de uma fábrica de dossiês no governo.
Na Câmara, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), foi pessoalmente à Comissão de Fiscalização comandar o adiamento da votação e, depois, conseguiu até mesmo derrotar a convocação de Gilberto. De tarde, o presidente da Comissão de Segurança, o tucano Otávio Leite (RJ), chegou a
abrir a sessão, mas percebeu que poderia perder e adiou para a próxima semana a votação dos requerimentos de convocação de Gilberto Carvalho e de convite a Tuma Júnior.
A Comissão de Fiscalização, no entanto, com o consentimento da base aliada, aprovou convite para que Carvalho fale sobre denúncias relativas ao cartel do metrô de São Paulo, entre outras coisas. O convite não obriga o ministro a ir à comissão, como acontece com as convocações. O ministro disse que processará Tuma Júnior,
O livro de Tuma Júnior traz trechos polêmicos. Diz, por exemplo, que um dos autores do pedido de um dossiê contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), foi Gilberto Carvalho. E relata também desvio de recursos da prefeitura de Santo André, antes do assassinato do prefeito Celso Daniel, para os cofres do PT.