Argentinos desconfiam de 'suicídio' de promotor que acusou a presidente/'viúva negra' Cristina Kirchner
O corpo de Nisman foi encontrado ontem à noite em sua casa, no bairro
de Puerto Madero. Segundo as primeiras investigações, o promotor
morreu após disparar contra sua própria têmpora com uma pistola calibre
22, que os investigadores encontraram junto a seu corpo.
Nisman, de 51 anos e que estava à frente da Promotoria Especial de
Investigação do Atentado à Amia desde 2004, tinha garantido que possuía
provas que demonstravam que o Irã e a organização Hezbollah estiveram
por trás do planejamento e da execução desse ataque.
Acusação contra a presidente
Nisman havia denunciado um suposto complô liderado pela
presidente Cristina Kirchner para excluir iranianos da lista de acusados
pelo atentado contra a Associação Mutural Israelense Argentina (AMIA),
no dia 18 de julho de 1994, que deixou 85 pessoas mortas e cerca de 300
feridas.
Na ocasião, um carro-bomba foi detonado em frente à
associação, no que até hoje é visto como o maior atentado terrorista da
história na América Latina. As primeiras investigações levaram à prisão
de alguns argentinos que teriam dado apoio logístico aos autores do
ataque a bomba. Mas eles foram soltos e hoje ninguém se encontra preso
pelo caso.
As investigações judiciais - que passaram a ser comandadas
por Nisman a partir de 2005 - levaram à acusação formal de oito pessoas -
sete iranianos e um libanês.
Por conta disso, milhares de pessoas se manifestaram nesta
segunda-feira em diferentes cidades da Argentina para expressar sua
comoção e reivindicar que se esclareça a morte do promotor Alberto
Nisman,
Em Buenos Aires centenas de manifestantes se reuniram na Plaza de
Mayo, entre eles estavam alguns membros da oposição ao governo Kirchner.
Figuras políticas como o filho do ex-presidente Ricardo Alfonsín, Raúl
Alfonsín, o Deputado do Partido Socialista, Hermes Binner e a deputada
da União Cívica Radical, Margarita Stolbizer.
“Como argentina, morre a minha única esperança de justiça, a única
esperança de verdade”, afirma com lágrimas nos olhos a manifestante
Iliana Iud membro da comunidade judia presente nas manifestações da
Plaza de Mayo.
Com informações da EFE e BBC - Fotos: Luciana Rosa / Especial para Terra