Nem os próprios petistas tradicionais acreditam mais no PT e, por isso, exigem mudança radical no partido. A pergunta é: quem cai nessa?
A uma plateia esvaziada, o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, fez um balanço sobre o atual momento pelo qual passa o Partido dos Trabalhadores (PT) e conclamou os militantes a realizarem uma reflexão sobre a atual crise política que atinge o partido. Ele alertou ainda para a dificuldade que a sigla tem para dialogar com os seus militantes e simpatizantes.(A foto acima traz Lula em outro evento e o fraco público do congresso municipal do PT em Curitiba. Foi assim em todo o Brasil)
— Como fundador e alguém que militou 35 anos no partido, nunca vi uma reunião do PT tão vazia como essa. Vazia ontem (sexta-feira), quando se anunciava que Lula viria. Esvaziada hoje (sábado), quando no passado se disputava um crachá. Isso é um sintoma grave de uma crise que nos atinge de forma objetiva e subjetiva — disse, ao abrir os trabalhos de uma das mesas de discussão do segundo dia do 5º Congresso Estadual do PT, que ocorreu neste sábado em São Paulo.
Na sexta-feira à noite ocorreu a abertura do Congresso e o presidente Lula era esperado. Assim como nesta sábado, esteve esvaziado, com vários lugares disponíveis.
Na avaliação de Garcia, o partido não soube entender as demandas das classes que foram favorecidas pelas medidas de inclusão social tomadas em 12 anos de governo do PT. Para ele, a reeleição da presidente Dilma Rousseff encerrou esse ciclo de 12 anos, esgotado, e que, para avançar, será preciso desenhar um novo modelo político econômico e reconhecer que as críticas não são isoladas, lembrando dos militantes que não se sentem mais representados pelo PT.
O assessor especial da Presidência da República afirmou que o partido não conseguiu entender o que ele chama de "fenômeno social", que são as novas demandas das classes que migraram socialmente. É por essa razão que ele acredita que uma parcela desses beneficiados é crítica ao governo e a programas de inclusão social como o Bolsa Famílias.
— Isso significa que perdemos a batalha política. Significa que não conseguimos ganhar politicamente aqueles que foram os grandes beneficiário das nossas políticas de inclusão social. Isso é sim responsabilidade do governo, mas é muito mais uma responsabilidade do nosso partido — avaliou.
Ele criticou ainda as diferentes tendências do PT, afirmando que atualmente elas atendem mais a interesses pessoais do que a discussão de ideias. Defendeu ainda o fim do financiamento de campanhas feito com dinheiro de empresas.
Sobre o ajuste fiscal, defendeu que ele seja feito, mas que dure pouco e que o governo possa sinalizar que conseguirá garantir um novo período de transformações.
— É preciso propor, de imediato, que essas correções fiscais possam efetivamente permitir que, em poucos meses, esse problema esteja resolvido. E então aplicar políticas que vão garantir ao segundo governo Dilma uma transformação muito importante — afirmou . (As informações são de O Globo)