Os militares venezuelanos do “Cartel dos Sóis” (formado por generais do Exército), e militares cubanos que estão na Venezuela em postos-chave para facilitar o tráfico de cocaína com as FARC, são os parceiros dos bolivianos.
No princípio de 2015 o coronel do Exército boliviano, Germán Rómulo Cardona Álvarez, elaborou um informe com o carimbo de “Top Secret” e enviou às máximas autoridades militares de seu país. Nesse documento ele revela inúmeras irregularidades cometidas por membros do governo Evo Morales, solicitando que se investigasse para apurar possíveis responsabilidades, uma vez que se tratava de assunto de segurança nacional. A denúncia informa delitos que vão desde o tráfico de influência até o tráfico de armas, e a criação de um grupo para-militar internacional dirigido pela Venezuela e Bolívia, com a colaboração das FARC.
Em vez de receber respaldo do governo e do Exército, o coronel Cardona passou a ser perseguido e tentaram tramar a sua morte. Companheiros do Exército o informaram de que iam passá-lo para a reserva, como de fato sucedeu, e depois simulariam um assalto onde ele seria assassinado. Receando por sua vida, fugiu para a Espanha onde pediu asilo político e fez essas denúncias à imprensa espanhola.
Nesse informe o coronel Cardona denuncia o chamado “Cartel das Estrelas” (conformado por generais e coronéis), que é uma organização narco-traficante que opera no estado de Santa Cruz controlado por membros das Forças Armadas e da Polícia Nacional da Bolívia, e encabeçada pelo ministro da Presidência Juan Ramón Quintana. Segundo informa o coronel, o ministro Quintana controla e opera em vários aeroportos clandestinos na fronteira com o Brasil a exportação de cocaína, com apoio militar de venezuelanos, cubanos e membros das FARC.
Os militares venezuelanos do “Cartel dos Sóis” (formado por generais do Exército), e militares cubanos que estão na Venezuela em postos-chave para facilitar o tráfico de cocaína com as FARC, são os parceiros dos bolivianos. Eles usam aviões militares Hércules que vêm da Venezuela e voltam carregados com a coca. Segundo o coronel Cardona, e já denunciado pelo governo dos Estados Unidos no escandaloso caso de Diosdado Cabello, tenente do Exército venezuelano e presidente da Assembléia Nacional, o governo venezuelano, desde os tempos de Chávez e agora com Maduro, dirige esse tráfico em nível mundial.
O cartel boliviano funciona com o cultivo legalizado da coca não-mastigável por agricultores das comunas, onde cada um recebe 1.600 metros quadrados da plantação. Essa coca não é a mesma que faz parte da cultura do povo, pois é grossa, amarga e provoca vômitos, contendo alto conteúdo alcalóide que é utilizado 100% para a fabricação da pasta base. Segundo informou a Cardona um desses agricultores, tudo dentro do município de Chapare é controlado pelos fabricantes de cocaína que são organizados em sindicatos. Essa droga que sai da Bolívia vai para a Venezuela e de lá para os mercados da Rússia, Irã e Líbia que depois despejam nos Estados Unidos, México e Europa.
Ainda segundo esse informante, Morales está gestando a organização da Guarda Plurinacional Popular, certamente copiada das milícias bolivarianas criadas por Chávez, conformada por cocaleros, os Ponchos Rojos, Pueblos Origináros e sindicalistas, todos conhecidos como bandos delinqüenciais, e para a qual há dois anos chegam em aviões da Força Aérea Venezuelana carregamento de armas militares como fuzis AK-47 e AK-109 que são introduzidos e armazenados no Chapare.
Cardona não afirma que Evo Morales esteja pessoalmente envolvido com esse “negócio”, entretanto, conta que seus alunos, que são filhos dos agricultores plantadores de coca, revelaram que todo fim de semana Morales vai ao Chapare e pessoalmente negocia e exporta a droga. Seu objetivo é conquistar o mercado espanhol sem intermediários, e para isso ofereceu apoio a um dos líderes do recém criado partido “Podemos”, de extrema esquerda, Pablo Iglesias, a quem ele chama de irmão e que pouco antes das eleições municipais da Espanha esteve em visita no Chapare. Cardona pergunta se Morales ajuda com dinheiro e seu aluno diz que não, que o dinheiro vai através de uma organização de fachada criada por Chávez, Maduro e Morales intitulada “Fundação Centro de Estudos Políticos e Sociais” (CEPS), do qual Iglesias é membro do conselho executivo.
A pergunta que suscita uma resposta urgente das autoridades brasileiras responsáveis pela segurança nacional e controle de drogas, é: o governo brasileiro sabe e é conivente com esse tráfico de drogas em nosso território ou, como já é velho costume, “não sabe nem nunca viu nada”? Considerando que o Foro de São Paulo apoiou a criação do Podemos e que todos os envolvidos nesse tráfico são membros da organização criminosa, não é de se estranhar que crimes como esses aconteçam sem qualquer tipo de repressão.
Graça Salgueiro, jornalista, é estudiosa da estratégia e ações da esquerda latino-americana lideradas pelo Foro de São Paulo no continente.
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