Em depoimento, o operador conta que o ex-presidente deu aval para pagar a chantagista que iria apontá-lo como envolvido no assassinato do prefeito
Condenado pelo mensalão, o empresário Marcos Valério volta a ganhar as manchetes dos jornais nesta sexta-feira (25).
Dessa vez por ter um trecho de seu depoimento revelado onde ele cita o ex-presidente Lula como um dos mandantes da morte de Celso Daniel.
Daniel era prefeito da cidade de Santo André quando foi executado a tiros depois de um misterioso sequestro em 2002.
As teorias que envolviam sua morte e também de testemunhas do caso sempre diziam que o crime foi encomendado pelo Partido dos Trabalhadores.
As autoridades desconfiavam de que Marcos Valério pudesse realmente ligar Lula a este crime. Mas agora o empresário resolveu contar tudo, inclusive falar de que houve uma ação para blindar o ex-presidente e o PT das investigações sobre o crime.
A
revista Veja teve acesso ao depoimento prestado ao Departamento de Investigação de Homicídios de Minas Gerais. Nele, Valério diz que Lula e outros petistas graduados foram chantageados por um empresário de Santo André que ameaçava implicá-los na morte de Celso Daniel.
O empresário reconhecido como operador do mensalão disse que ouviu do empresário que o ex-presidente Lula foi o mandante do crime.
No depoimento, ele diz que a motivação do crime seria que Celso Daniel teria descoberto que estavam usando sua prefeitura para atos ilícitos.
“A primeira coisa que ele me falou é que o Celso Daniel tinha descoberto que estavam transformando a prefeitura de Santo André em caso de polícia”. O “ele” seria o Professor Luizinho, ex-deputado federal pelo PT.
Valério foi chamado para “resolver” o problema do empresário que seria Ronan Maria Pinto, ou seja, ele teria que dar dinheiro para silenciar quem ameaçava dedurar o envolvimento de Lula, na época candidato à Presidência, com a morte do prefeito de Santo André.
Luizinho teria dito a Marcos Valério que Celso Daniel topou pagar com recursos da Prefeitura a caravana de Lula pelo país antes da eleição.
“Uma coisa era o Celso bancar as despesas do partido, da direção do partido e do próprio presidente. Outra era envolver a prefeitura em casos que beiravam a ação de gângster”, teria afirmado o ex-deputado.
O silêncio de Ronan custou um “empréstimo” de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin e um contrato de operação com a Petrobras de R$ 1,6 bilhão.
Ao informar a Lula sobre o “pagamento” da chantagem, Valério teria ouvido: “Ótimo, graças a Deus”, do então presidente que estava no seu primeiro mandato.